Queda de doações de sangue durante a pandemia preocupa hemonúcleos da Baixada Santista

Além da quarentena dificultar, pessoas contaminadas pela Covid-19 ficam sem poder doar por um período

Por: Jean Marcel  -  04/02/21  -  09:18
Ministério da Saúde diz que a média de queda de doações no Brasil é entre 15% a 20%
Ministério da Saúde diz que a média de queda de doações no Brasil é entre 15% a 20%   Foto: Pixabay

Os hemonúcleos da Baixada Santista estão com luz de 'alerta' acesa por conta da queda na quantidade de doações de sangue durante a pandemia. O fato deve-se a vários fatores além da quarentena, que mantém as pessoas mais tempo dentro de casa.


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Além da diminiução nas doações, outro fator é observado: o aumento na demanda de bolsas de sangue para pacientes portadores da Covid-19 que necessitam de transfusão durante o tratamento, em virtude do alto uso de antibióticos. Além disso, quem contrai a doença não pode doar por um período mínimo de 30 dias.


As pessoas que são imunizadas com a vacina também ficam inaptas para doação durante até quatro semanas, dependendo do tipo de vacina que receber. E o caso se repete quando o doador receber a segunda dose.


Baixada Santista


Elaine Ribeiro é do Hemonúcleo de Santos e diz que realmente houve um decréscimo. "Temos cerca de 30% menos doações nesse período, mesmo com o nosso horário estendido. Com certeza o início das imunizações vai impactar ainda mais", alertou.


Segundo ela, seria importante quem já é doador se antecipar: "É só a pessoa doar antes da vacinação, isso já ajudaria muito", completou. O horário no hemonúcleo está estendido. Funciona de segunda a sexta feira, entre 7h e 17h e aos sábados entre 7h e 15h.


O Hospital Ana Costa não possui mais seu hemonúcleo próprio. O serviço é terceirizado por meio de 55 postos de abastecimento no país. Para o Diretor Técnico do Hemonúcleo, Dr. José Carlos Medina Carvalho, as pessoas têm tido um receio de se expor e ir aos locais de doação por conta do coronavírus, mas ele discorda. "É mais seguro doar sangue do que ir em qualquer lugar onde haja mais pessoas, como nas ruas ou no supermercado", diz ele.


O médico explica que apesar de as pessoas saírem menos, e isso até diminuir a necessidade de doações para acidentes ou cirurgias eletivas, os casos de Covid-19 aumentaram em muito a demanda do sangue humano. "E isso vai piorar ainda mais com início da vacinação, quando existe inaptidão para doar por um período. O que amenizaria a situação seria as pessoas se conscientizarem e fazerem a doação antes. Antecipar a situação", explicou.


Tema da campanha é “Doe Sangue Regularmente, Tem Sempre Alguém Precisando de Você”
Tema da campanha é “Doe Sangue Regularmente, Tem Sempre Alguém Precisando de Você”   Foto: Agência Brasil

A Santa Casa de Santos, que também recebe doações em seu Banco de Sangue, informou que não houve diferença sensível no estoque. Eles aumentaram os horários de atendimento. Agora o serviço funciona de segunda a sexta das 7h às 16h, e aos sábados das 7h às 11h. Para evitar aglomerações, é necessário o agendamento da doação pelo telefone 3202.0600 - ramal 1414.


Em Cubatão, as doações cairam em 50%, no Hospital de Cubatão (HC). "Tivemos que convocar doadores para manter o estoque", afirmou Gabriela de Luca Oliveira, médica hamatologista do HC. Para ela, o início da vacinação poderá ser positivo. "Acreditamos que vacinadas, as pessoas voltarão a se sentir mais seguras para efetuar a doação e retomaremos a nossa média", completou.


Em Guarujá, o Hospital Santo Amaro teve uma queda bastante significativa. "Caímos em cerca de 50% as doações nesse período, mas em janeiro já retomamos e estamos com dois terços de nossa capacidade", informou a assessoria. O posto de coleta do HSA orienta que as pessoas também antecipem as doações antes da vacinação, para evitar desabastecimento.


De acordo com nota do Ministério da Saúde, a queda varia entre 15% e 20% no Brasil, e não há desabastecimento, porém alguns hemocentros têm sentido muito essa diminuição. A nota explica, também, que o tempo de inaptidão após a vacina existe porque o micro-organismo da imunização, ainda que na forma atenuada, circula por um período no sangue do doador. "Em caso de pacientes imunossuprimidos, há um risco de o receptor desenvolver a doença para a qual o doador foi vacinado", diz trecho.


"Infelizmente é algo cultural. Se cada doador comparecesse 1 a 2 vezes ao ano nunca faltaria. Penso que ajudaria muito se houvesse orientação nas escolas e universidades, sobre a importância da doação. É questão de humanindade, é um ser humano tendo oportunidade de ajudar outro ser humano, e até salvar vidas", afirmou o Dr. Medina, do Hemonúcleo do Ana Costa.


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