Número de eleitores jovens na Baixada Santista dispara 157% em quatro meses

Segundo Tribunal Superior Eleitoral, mais de 2 milhões de adolescentes tiraram título no País

Por: Régis Querino  -  23/05/22  -  11:57
Jovens eleitores se mobilizaram em todo o País para participar das eleições em outubro
Jovens eleitores se mobilizaram em todo o País para participar das eleições em outubro   Foto: Matheus Tagé/AT

O Brasil terá nas eleições de 2022 um contingente histórico de jovens eleitores votando pela primeira vez. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o País ganhou 2.042.817 novos eleitores com idades entre 16 e 18 anos, um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período de 2018. Na Baixada Santista, o cenário não é diferente. De janeiro a abril deste ano, o número de eleitores menores de 18 anos saltou de 4.863 para 12.483, um aumento de 157%.


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Das cidades da região, Guarujá foi a que teve maior aumento no contingente eleitoral entre os jovens. Em janeiro eram 573, número que chegou a 2.061 no final de abril (crescimento de 260%). Cubatão passou de 268 para 822 eleitores juvenis, aumento de 207%.


Peruíbe foi a terceira cidade da Baixada que mais viu crescer esse eleitorado: de 226 para 648 (187% de aumento). Em números absolutos, os municípios que mais têm eleitores com menos de 18 anos são: Santos, 2.709; Praia Grande, 2.545, São Vicente, 2.143 e Guarujá, 2.061.


Uma resolução do TSE permitiu que eleitores com 15 anos tirassem o título em 2022, mas só poderão exercer o direito do voto os jovens que tenham completado 16 anos até o dia 2 de outubro, data do primeiro turno das eleições. Entre 16 e menos de 18 anos, no entanto, o voto ainda é facultativo. O sufrágio é obrigatório somente para os maiores de 18 anos.


O que os jovens querem
A Tribuna ouviu alguns jovens que pela primeira vez vão exercer o direito de votar. Em comum, eles apontaram que ainda analisam os nomes para os diversos cargos em disputa nas eleições deste ano (deputados estadual e federal, senador, governador e presidente).


A procura pelo perfil também é a mesma: candidatos comprometidos com mudanças estruturais que o Brasil necessita, com práticas concretas e não apenas discursos de campanha.


“Os candidatos devem ser pessoas íntegras, que não sejam corruptas, com ligações a escândalos. E com boas propostas de políticas públicas para resolver os problemas da sociedade, como a pobreza e o abandono da Cidade”, disse Fernando Lopes Lourenço de Carvalho Guerra, de 16 anos, morador de Santos e estudante do terceiro ano do Ensino Médio.


Guerra fez questão de tirar o título porque, segundo ele, é “importante participar dos processos de escolha dos representantes e porque o voto é uma das maneiras de exercer a cidadania”. O mesmo interesse, porém, ele não viu entre a maioria dos amigos de sua idade. “O número de amigos que tirou o título foi bem menor do que eu imaginava. Acho que por desinteresse, por não ser obrigatório, eles não tiveram vontade de ir atrás”, avalia.


Eleitores irão às urnas para escolher deputados, senadores, governador e presidente
Eleitores irão às urnas para escolher deputados, senadores, governador e presidente   Foto: Foto AT

Cenário complicado
A estudante de moda, Vitória Campos de Moraes, 18, que reside em Santos, sempre se inteirou sobre política em conversas com a família e vive a expectativa de escolher seus primeiros candidatos nas eleições 2022.


“Minha família sempre comenta sobre política, analisando as histórias dos líderes dentro do governo brasileiro e quais foram os seus prós e contras. Isso foi ajudando a formar minha ideia da política. Não sei ainda em quem votar, mas minha estratégia vai ser a partir das campanhas eleitorais e qual a proposta do candidato que eu mais me identifiquei”.


Vitória afirma que quem deixa de votar não está ajudando na evolução do País e aponta as principais mudanças que quer ver no Brasil. “Me sinto feliz porque eu mesma tenho essa liberdade de escolher quem eu queria que governasse o meu País. Minha expectativa é que os candidatos tenham sede de mudar o País, na política econômica, no ensino, nas questões sociais, ambientais e raciais”.


Foco nas atitudes
Estudante de Processos Químicos na Fatec de Santos, Robson de Oliveira Junior, 18, de Itanhaém, vê um cenário político complicado, mas considerou importante, como cidadão, participar da escolha das pessoas que vão comandar o destino do Brasil nos próximos anos.


“Eu prefiro focar nas atitudes dos candidatos, porque não dá para confiar nas palavras deles. Eles falam o que a gente quer ouvir para conseguir o que querem e, no fim, não fazem o que prometeram”. Para Junior, o País só vai prosperar se resolver os desafios da economia, “porque é rico em recursos que não são bem utilizados”.


O estudante de economia João Luiz Tavares Duarte, de São Vicente, tem 19 anos, mas também vai votar pela primeira vez. Ele acredita ser fundamental escolher candidatos que defendam políticas públicas de saúde e educação, além daqueles que proponham “medidas econômicas que sejam boas para o Brasil como um todo”.


Duarte disse que já considera alguns nomes para votar para governador e presidente, mas viu a escolha por deputados e senadores ainda distante. E reclamou sobre o clima de polarização que tomou conta do Brasil.


“Quanto mais eles brigam, mais afastam novos investidores no País. E o eleitor não sente confiança em ninguém”, afirma o estudante, que lê notícias em sites, jornais e redes sociais quando algum assunto lhe interessa. “Pesquiso a fundo para saber se é verdade”, aponta ele, referindo-se à onda de notícias falsas disseminadas na internet, principalmente nas redes sociais.


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