As prefeituras da Baixada Santista começaram a aplicar nesta semana a segunda dose da vacina da Pfizer contra a covid-19 para quem recebeu a primeira dose do imunizante de Oxford/AstraZeneca. E segundo infectologistas ouvidos pelo Grupo Tribuna, a mistura dos fabricantes é algo positivo para esta parcela da população, que deverá ficar ainda mais resistente ao vírus.
Para Evaldo Stanislau, uma expressão popular pode ser usada para ‘traduzir’ o momento. “Mirou no urubu e acertou no gavião. Ou seja, por vias tortas, estamos fazendo uma vacinação ainda mais potente”, explica o médico, referindo-se ao fato da intercambialidade da vacina não ter sido programada e só acontecer por falta da AstraZeneca.
Elisabeth Dotti e Ricardo Hayden concordam com o colega e dizem que a substituição da segunda dose da AstraZeneca pela Pfizer é extremamente eficaz e segura. “Eu, particularmente, gostaria que tivesse sido assim desde o começo”, ressalta Dotti, explicando que os imunizantes foram desenvolvidos de formas diferentes, o que torna os estímulos no sistema imunológico ainda mais diversos. “Uma dose atua de um jeito e a segunda dose atua de outro, então vai aumentar a proteção da população”.
Hayden, por sua vez, enfatiza que a intercambialidade das vacinas contra a covid-19 não tem contraindicação. Além disso, não é novidade, pois já acontece em países da Europa. “A resposta de anticorpos é bastante clara, robusta e a durabilidade da vacina da Pfizer é excelente”, destaca.
Ainda segundo Hayden, os eventos adversos registrados após a aplicação são do mesmo perfil que dos outros imunizantes, já que não há nenhuma reação a mais por influência da primeira dose de outro fabricante. “Mas é importante traçar um paralelo, pois outras vacinas possuem eventos adversos, como sarampo e gripe”, completa, enfatizando que as reações são normais.
Elisabeth lembra que muitos idosos já receberam as duas doses da vacina contra a covid-19 de um mesmo fabricante, mas neste momento têm acesso à dose de reforço de outra marca e acabam se tornando um exemplo da efetividade da ‘mistura’. “Os idosos possuem o sistema imunológico rebaixado e complicado, mas não estão tendo absolutamente nada, pois elas (as vacinas) não se chocam”, finaliza.
Cuidados
Hayden enfatiza que os cuidados contra a covid-19 devem continuar. “É importante ressaltar que a vacina diminui a possibilidade, mas não impede a infecção. Além disso, quem é vacinado tem mais chances de ter um quadro menos grave”.