Mais de 60 médicos cubanos deixarão de atender na região

Expectativa das Prefeituras é de que Ministério da Saúde atue rapidamente para repor perda de profissionais

Por: Gustavo T. de Miranda & Da Redação &  -  17/11/18  -  09:46
  Foto: Rogério Soares/AT

Um dia após a notícia de que Cuba abandonou o programa Mais Médicos, do qual participava desde a sua criação, em 2013, por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as prefeituras da Baixada Santista que têm profissionais cubanos em seus quadros ganham uma preocupação.


Das nove cidades locais, cinco responderam para A Tribuna. Juntas, têm 65 profissionais cubanos atuando, 30 dos quais apenas em Guarujá, o município mais afetado. Em Santos, por exemplo, há expectativa de que os médicos de Cuba já não apareçam para trabalhar na volta do feriado.


Ainda não é claro qual será o impacto da saída deles da Baixada. Segundo o Ministério da Saúde, a região tem 163 profissionais no Mais Médicos. A maior parte está em Guarujá (49), Praia Grande (35), Santos e São Vicente (26 cada). Porém, não se indicam quantos são cubanos: também há profissionais de outras nacionalidades e nem sempre os dados do ministério batem com os das prefeituras.


Reflexos


O secretário de Saúde de Guarujá, Sandro Luiz Ferreira de Abreu, afirma que os profissionais do Mais Médicos “atuam na Atenção Básica, que é a porta de entrada de todo sistema de saúde. Em nosso Município, a saída de 30 médicos, de imediato, causará forte impacto. Porém, se necessário, readequaremos nossas equipes para que a população não fique desassistida”.


Para ele, será difícil repor 30 médicos por causa de entraves burocráticos, falta de interesse desses profissionais pelos salários oferecidos pelo Poder Público, necessidade de concurso público ou outro instrumento permitido em lei para admissões, como contratos de gestão, e credenciamento de médicos.


Apesar de se esperar a partida dos médicos cubanos, Guarujá não recebeu informação oficial do Ministério da Saúde a respeito.


O segundo maior contingente de profissionais do Mais Médicos na Baixada é o de Praia Grande, com 34 médicos. Deles, 18 são cubanos. Por nota, o Município afirma que “aguarda orientação do Ministério da Saúde, que deve se posicionar em breve”.


O mesmo texto enviado à Reportagem afirma que a Secretaria de Saúde Pública de Praia Grande estuda soluções para a redução de médicos na Atenção Básica.


“A expectativa é que o Ministério da Saúde convoque novos profissionais do programa. Em paralelo a isso, a Cidade conta com um edital de concurso público de médicos da família em vigência e pode convocar a qualquer momento os candidatos aprovados, caso seja necessário”, menciona.


Cuba anunciou saída dos médicos do País em até 10 dias
Cuba anunciou saída dos médicos do País em até 10 dias   Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Outras cidades


Santos diz contar com 24 profissionais vinculados ao programa, que atuam na rede de Atenção Básica. Deles, oito são cubanos e seis brasileiros. Os demais, de outras nacionalidades. Por nota, a Secretaria de Saúde afirma que “o Município aguarda orientações oficiais do Ministério da Saúde”. De forma preventiva, gestores da secretaria entraram em contato com o órgão federal e obtiveram informações extraoficiais de que, na próxima semana, os profissionais cubanos já não atenderiam mais os pacientes.


Para fazer frente ao problema, Santos vai pedir ao ministério a reposição dos profissionais e remanejar médicos dentro da rede municipal até que esse processo seja concluído.


São Vicente, que segundo a Prefeitura tem 23 profissionais do Mais Médicos, deverá ter a baixa de oito cubanos — os outros 15 são intercambistas ou brasileiros formados no Brasil. Por nota, a Prefeitura afirma que, com o anúncio da saída de Cuba do programa, o Município espera saber em quanto tempo a compensação será feita.


“A Cidade ainda aguarda a reposição de cinco médicos desde o início deste ano. Contamos com uma rápida reposição para que as unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF), às quais os profissionais estão vinculados, não fiquem descobertas”, cita a nota enviada para A Tribuna.


Um dos municípios onde o reflexo será menor é Bertioga, onde atuam apenas dois médicos brasileiros e uma cubana no Mais Médicos. Ela está atuando na Unidade de Saúde da Família de Boraceia. “Caso realmente haja a volta dela para o país de origem, o Município terá de realocar outro médico para o local”, diz a Prefeitura, por meio de comunicado.


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