A escala da História é 1 para 43. Ao menos em uma pacata casa de uma vila na Rua Armando Salles de Oliveira, no Campo Grande, em Santos, onde Pedrolandi Fernandes Sestari se transforma em um Gulliver de verdade, ao criar maquetes de ícones do passado santista. Em meio a uma réplica da estação do Valongo, por exemplo, os 1,75 m dele ganham estatura de gigante.
Mas a beleza e a raridade estão nos detalhes. Tome-se a maquete do Theatro Guarany. Cada ornamento da fachada, das eiras e beiras, é reproduzido na escala proposta com perfeição. “Tudo é feito, cortado, reproduzido à mão”, enfatiza.
Tudo mesmo: seja o acrílico, o plástico PVC, a madeira MDF – os materiais que utiliza – ou o trato com a tinta látex, que dá cores às maquetes. No caso dos ornamentos, quando há vários do mesmo tipo, Pedrolandi confecciona formas de borracha, do tipo das de cozinha, que vão no forno. Nelas, as peças são moldadas com epóxi.
Seja qual for, uma maquete não existe antes de 45 dias de árdua dedicação, pelo menos. Dedicação, aliás, nunca faltou a Pedrolandi, em vários níveis: se os modelos são fruto de um hobby, também nutrem o ganha-pão. Mas tudo começou como brincadeira.
Trenzinho da atma
Aos 52 anos, Pedrolandi viveu a infância e a adolescência nos anos 70 e 80. É só mencionar o nome Atma a muito marmanjo que era criança nessa época para os olhos desses jovens de outrora brilharem. Foi a partir de um kit de trens elétricos em miniatura dessa marca, atual Frateschi, que Pedrolandi começou no modelismo, meio sem saber, aos 10 anos. “Era uma brincadeira. Fazia casinhas de papelão ou com palitos de sorvete, colava, construía as paredes, o teto...”.
A brincadeira virou hobby aos 18 anos, já nos famosos modelos de aviões, navios e carros da marca Revell. Pouco depois, um vizinho, ao constatar as habilidades de Pedrolandi com as miniaturas, indicou-o a Antonio Carlos Giorno, lenda do modelismo santista, que construiu o Shopping Parque Balneário – em escala, naturalmente.
Aos 22 anos, Pedrolandi foi integrado à equipe de Giorno como aprendiz. Percebeu que já era profissional e trilhava um caminho para a vida ao receber o primeiro pagamento. “Como profissional, a responsabilidade é maior, estou fazendo para outra pessoa”.
Construtoras e incorporadoras são os principais clientes, nesse caso. Dentre as miniaturas desenvolvidas por ele, está a do edifício Tribuna Square, onde esta reportagem foi escrita.
Antigo parque balneário
Se o ganha-pão mantém o corpo, também há de alimentar a alma de Pedrolandi, que é formado em Desenho Industrial. Com os ganhos das seis maquetes anuais, em média, de empreendimentos imobiliários, ia construindo o hobby em nuances e detalhes. “O custo do trabalho é 20% de materiais, 80% da sua mão de obra”, calcula.
Com as ofertas de trabalho minguando, são justamente esses 20% que andam rareando para que Pedrolandi conclua o seu masterpiecehistórico: a maquete do antigo Parque Balneário Hotel. Entre idas e vindas, a peça já tem dez anos e permanece inacabada. Além da falta de material, um complicador é a falta do original: o antigo Parque Balneário foi demolido nos anos 70. Assim, a pesquisa para conseguir reproduzir cada detalhe é titânica.
“Eu me baseio em fotos, especialmente imagens com pessoas do lado. Colocava mensagens para quem tivesse fotos, pesquisava em arquivos de jornais...”.
Seja como for, evita as impressoras 3D, que levam a construção para o computador, e segue fiel ao mantra de confeccionar peça por peça, manualmente. “Enquanto as mãos conseguirem fazer a maquete, eu sigo em frente”
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