Dia do motorista: mulheres do litoral de SP abrem caminhos na profissão com amor e dedicação

Número de profissionais tem crescido no setor ainda predominantemente ocupado por homens

Por: Gabriel Fomm  -  25/07/22  -  10:26
Atualizado em 25/07/22 - 18:38
As motoristas retratadas na matéria atuando em suas respectivas funções
As motoristas retratadas na matéria atuando em suas respectivas funções   Foto: Arquivo Pessoal

Hoje é o dia de São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas. É nesta data também que esta importante categoria profissional celebra o seu dia. Sem os profissionais do volante, o acesso a itens básicos do dia a dia, como alimentos, medicamentos e bens de consumo, ficaria muito mais difícil.


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Nos últimos anos, muitas mulheres têm aberto caminhos nessa profissão, que ainda é exercida predominantemente por homens. É o caso da taxista Sônia Maria Nardes Lisboa, de 58 anos. Ela foi a primeira mulher a conduzir o bonde de Santos. “Na época foi uma loucura, todo mundo ficou doido. Fiz reportagem e tudo. Foi legal”, diz.


Ela conta que o trabalho como taxista não tem monotonia. “Não é uma profissão que é só sentar e ligar o carro. Para quem gosta de dirigir é excelente. Nunca virou rotina. Todo dia você pega uma corrida diferente, uma rua diferente. Eu amo dirigir. A maioria das pessoas acha que se você fica sentado o dia inteiro, você não faz nada. Só que é bem cansativo”.


Ônibus
Todos os problemas no caminho nunca fizeram a motorista de ônibus Edna Braga Rodrigues, de 45 anos, pensar em desistir. Ela está na profissão há quase duas décadas. “Foi meu sonho desde menina. Minha mãe dizia que quando eu era criança, ela pegava ônibus comigo em São Vicente e eu falava que um dia eu ia dirigir um ônibus desse tamanho”, relembra. “Hoje eu amo dirigir, levar as pessoas para o seu destino, trabalho, faculdade. E você vê a alegria das pessoas quando sobem e dão aquele bom dia. É sem explicação, magnífico, maravilhoso”.


Discriminação
Mas nem tudo são flores. Vítimas de piadas, assédio e desqualificação, mulheres que estão ingressando na área ainda enfrentam situações desagradáveis. “No começo, foi meio difícil, quando eu fui dirigir no terminal rodoviário, uma passageira falou: ‘Nossa, mulher para dirigir, eu não vou, prefiro esperar o próximo carro que é homem que é motorista”.


Essa realidade se estende a outras áreas, como o táxi. Sônia Maria Nardes Lisboa conta que no começo de sua carreira ouviu de colegas de profissão que seu lugar era dirigindo um fogão, em casa. “Quando comecei na praça, eu me lembro que uma senhora chegou a descer do meu carro, quando viu que a motorista era mulher. Ela falou que tinha medo, mas já sofri muita discriminação até mesmo com colegas de trabalho”, afirma Sônia.


Outra dificuldade para Sônia foi sua segunda gestação, de gêmeas, que a fez largar o volante por um período. A divisão entre cuidar de duas recém-nascidas e trabalhar fez com que a decisão fosse tomada. “Fiquei bem desconfortável. Tive que parar por alguns meses antes. Depois fui voltando aos poucos. Ter gêmeas em casa e um volante é meio incompatível”.


Fim do preconceito
Para a motorista de ônibus Edna Braga, a solução para a discriminação vem de oportunidades. “Nós, mulheres, temos que saber da nossa capacidade e mostrar que somos capazes de assumir profissões”. Para a taxista Sônia, a profissão é um espaço que precisa ser diversificado. “Ainda pego senhoras, moças, rapazes ou senhores que falam que nunca tinham visto uma mulher dirigindo táxi”.


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