Dengue avança de forma acelerada em 2021 e mata na Baixada Santista

São Vicente e Guarujá são as cidades que tiveram os maiores aumentos em número de casos nos dois primeiros meses do ano

Por: Rosana Rife  -  26/02/21  -  09:07
Mutirão realiza nesta quinta (6) e sexta-feira (7) ação no BNH da Aparecida
Mutirão realiza nesta quinta (6) e sexta-feira (7) ação no BNH da Aparecida   Foto: Divulgação/PMS

Enquanto a pandemia do novo coronavírus domina a atenção em todo o mundo, os casos dengue explodem na região e os de chikungunya vêm a reboque. Nos dois primerios meses do ano, na Baixada Santista, 468 pessoas já foram vítimas de dengue e 94 tiveram chikungunya. Uma morte já foi confirmada em São Vicente e outra está em investigação.E o pior, os sintomas, nos dois casos, podem se confundir com covid-19, trazendo mais angústias para pacientes e preocupação para o setor da Saúde.


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“Alguns sintomas são comuns a essas doenças, como febre, dor de cabeça e dor no corpo. Mas, na Covid-19, é mais comum aparecerem sintomas respiratórios, como tosse, dor de garganta, coriza e falta de ar”, diz o infectologista Leonardo Weissmann, acrescentando que “na dengue, pode-se observar manchas na pele, dor nos olhos, dor nas articulações, não tão frequentes na Covid-19”.


O encarregado de loja Adalto Santos Oliveira, 52 anos, que mora no Jóquei, em São Vicente, está exatamente nessa situação. Afastado do trabalho há dez dias, ele ainda não sabe o que tem. Começou sentindo cansaço, febre alta e dor nos dedos da mão. Passou pelo médico que achou melhor isolá-lo até que exames confirmem o diagnóstico.


>> Confira a comparação dos casos de chikungunyae dengue entre 2020 e 2021


“Já fiz o teste para covid que deve ficar pronto até segunda-feira. E também para dengue e chikungunya, que ficam prontos em sete dias”.


Segundo ele, outros vizinhos passam por drama semelhante. “São uns quatro. Uma já fez exame e deu positivo para dengue. Outra aguarda resultado. As demais não passaram por atendimento médico”.


No Município, já há 66 casos de dengue confirmados em 2021 - 43% do total registrado em todo o ano passado. Há ainda uma morte por dengue confirmada, de um homem de 41 anos, que vivia na Vila Margarida. A situação piora quando o assunto é chikungunya: são 29 - quatro vezes mais casos do que em 2020.


>> confira a comparação dos casos entre chikungunya, dengue e covid-19


O chefe do departamento de controle de doenças vetoriais da Cidade, Fábio Lopes, explica que o Município faz um amplo e detalhado trabalho de medição de quantidade de larvas, em quatro momentos ao longo do ano, na residência de vicentinos. Esse índice serve como uma espécie de bússola que alerta sobre a quantidade de mosquito na Cidade e o risco de transmissão da doença.


“Quando se tem um índice de 0 a 1, você tem um índice satisfatório. De 1,1 a 4, há risco porque existe uma quantidade de mosquito suficiente para ter transmissão da doença. Nós já temos áreas com 15 e a média está em 10. Quem diz o risco é a quantidade de mosquitos, o número de pacientes é a consequência disso”.


Lopes afirma ainda que o número só não é ainda maior, porque muitas pessoas já tiveram algum dos quatro tipos de dengue e criaram anticorpos. “Quando se tem dengue, se adquire imunidade homóloga duradoura. Você faz anticorpos para aquele tipo. Uma pessoa que teve dengue tipo 2, não terá de novo. A gente tem transmissão desde 1996, chega uma hora que a maioria da população já teve duas ou três vezes”.


Para ele, é urgente que se façam campanhas massivas de conscientização para que as pessoas não se esqueçam de cuidar de suas casas, evitando deixar brechas para o acúmulo de água. O que tem de ser feito também por empresas e pelo poder público em suas unidades.


A situação, no entanto, pode se tornar mais grave para chikungunya. “Porque a doença não circulou aqui. Temos mais de 1 milhão de pessoas suscetíveis a chikungunya. Se houver muitos moradores doentes e muitos mosquitos circulando, o risco de transmissão é enorme. Já temos ruas em que há 10, 15 pessoas com chikungunya”.


Guarujá é outro Município da Baixada que também se destaca nas estatísticas. Em dois meses, o número de moradores com dengue já apresenta 40% do total registrado em 2020. os dados das demais cidades podem ser conferidos no infográfico.


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