Após projetos na Baixada, empreendedora será 1ª brasileira em programa global de ativistas

Patricia Zanella foi uma das quatro escolhidas para o Hurford Youth Fellowship, programa do Movimento Mundial pela Democracia

Por: Bia Viana  -  10/03/21  -  13:00
Patricia Zanella, antiga moradora de Itanhaém, participa de programa global pela democracia
Patricia Zanella, antiga moradora de Itanhaém, participa de programa global pela democracia   Foto: Acervo Pessoal

Nascida em São Paulo e moradora de Itanhaém por boa parte da vida, a internacionalista e empreendedora social Patricia Zanella será a primeira brasileira a integrar o Hurford Youth Fellowship Program, um programa do Movimento Mundial pela Democracia. 


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Aos 24 anos, Patricia é internacionalista de formação e cofundadora da EcoCiclo, startup que desenvolveu o primeiro absorvente 100% biodegradável do Brasil. Sua jornada de responsabilidade social começou cedo, desde a faculdade. "Me tornei líder global na AIESEC Santos durante meu primeiro ano como estudante de relações internacionais na Universidade Católica de Santos, em 2014. A AIESEC me mostrou que mesmo sendo jovens, podemos gerar muito impacto positivo na nossa comunidade e de forma colaborativa ao redor do mundo". 


Aos poucos, foi traçando seus primeiros projetos, entre eles, a EcoCiclo. "Temos como objetivo gerar renda para emancipar mulheres, tanto na produção quanto na revenda de absorventes. Começamos o desenvolvimento há mais de dois anos e buscamos investimento para iniciar a produção em escala. Além disso, em maio vamos lançar nosso marketplace de produtos sustentáveis feitos por empreedendoras da periferia", conta. Os absorventes produzidos pela EcoCiclo são biodegradáveis, veganos e hipoalergênicos - ou seja, sustentáveis para o meio ambiente e saudáveis para a saúde íntima feminina.


A empresa foi fundada por quatro mulheres: Patricia Zanella, Adriele Menezes, Hellen Nzinga e Karla Godoy, todas de diferentes partes do país. Foi uma de suas sócias, inclusive, que apresentou a oportunidade do programa Hurford Youth Fellowship.


Movimento Mundial pela Democracia


Ativista pelo empoderamento feminino e meio ambiente, Patricia é engajada politicamente e acredita no protagonismo jovem como uma forma de desenvolvimento. Por isso, a oportunidade oferecida pelo Programa foi irresistível. "O Hurford Youth Fellowship visa desenvolver as habilidades de liderança e aproveitar o potencial de jovens ativistas pela democracia ao redor do mundo. Ele seleciona jovens ativistas para passarem três meses no Secretariado do Movimento Mundial, em Washington DC, para expandir suas conexões globais, compartilhar experiências com outros ativistas e contribuir para o desenvolvimento do Movimento Mundial pela Democracia".


Mas o que isso significa na prática? "Nós participamos de reuniões estratégicas, conduzimos pesquisas, organizamos e lideramos apresentações, discussões online e sessões de compartilhamento de informações sobre questões-chave para a democracia", explica Patricia. Neste ano, o evento se adapta à pandemia com participação online.


O processo seletivo contou com uma única etapa de seleção, onde o candidato faz sua inscrição e preenche um extenso formulário sobre seu projeto e currículo. Também é necessária uma carta de recomendação, que segundo Patricia, é um diferencial na seleção. "Você não pode ter acesso a comunicação do programa com as pessoas que enviam as cartas de recomendação, por isso, é um grande diferencial escolher com assertividade quem irá te recomendar".


Serão três meses de muito trabalho online, com reuniões diárias. "Teremos suporte de pesquisadores especialistas em democracia, encontros com lideranças globais e toda uma dinâmica de segurança para os participantes, uma vez que em diversos países ativistas são perseguidos". 


Ao todo, quatro jovens do mundo inteiro foram selecionados para esta edição do programa. Patricia é a primeira brasileira a integrar o quadro de jovens transformadores, junto a três colegas do Nepal, Macedônia do Norte e Gâmbia. Para a internacionalista, é um sentimento único. "Me sinto honrada por quebrar barreiras e poder inspirar mais mulheres a ocupar espaços nunca ocupados".


Além do privilégio, a empreendedora social reconhece a importância do papel que tem como representante brasileira num diálogo sobre democracia, em um país que vive um momento de extrema crise. "Me sinto extremamente responsável em ser porta-voz de todos os desafios políticos que estamos vivendo com um governo negacionista, genocida e exterminador do futuro sustentável", afirma. O programa começou dia 1º e seguirá até maio.


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