Setor prevê aumento de 'dois dígitos' na operação do Porto de Santos

Alta na movimentação de cargas do cais santista foi um dos temas debatidos no 3º Webinar Porto & Mar 2021

Por: Fernanda Balbino  -  13/04/21  -  23:14
Atualizado em 01/07/21 - 10:50
 Porto tem vagas em diversos níveis de escolaridades
Porto tem vagas em diversos níveis de escolaridades   Foto: Carlos Nogueira/AT

Os impactos da pandemia de covid-19 na navegação devem ser sentidos até o próximo ano. Entre eles, está o desbalanceamento da cadeia logística, que deve continuar causando a falta de contêineres em vários complexos portuários do mundo. Outro reflexo é o aumento do comércio internacional. Segundo especialistas, neste cenário, as expectativas são de um crescimento de até dois dígitos na movimentação de cargas do Porto de Santos neste ano.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


A crise na navegação mundial, causada pela pandemia e amplificada pelo bloqueio de seis dias no Canal de Suez, no Egito, no mês passado, foi o tema da 3ª edição do Webinar Porto&Mar 2021. O evento online, promovido pelo Grupo Tribuna, contou com a mediação do editor de Porto & Mar, Leopoldo Figueiredo.


Participaram o diretor-executivo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), Claudio Loureiro, o diretor-presidente da Santos Brasil, Antonio Carlos Sepulveda, e o CEO da Brasil Terminal Portuário (BTP), Ricardo Arten. Todos concordam com os impactos causados pela pandemia e com o estresse que eles causarão à logística portuária no País e, em especial, no cais santista.


"O grande desafio das companhias de navegação e terminais foi aprender a andar nessa montanha russa”, destacou Arten. O executivo se refere às variações de movimentação de cargas no ano passado como “picos e vales”. Tudo em decorrência dos períodos de isolamento social e seus reflexos na navegação mundial.



O CEO da BTP destaca, ainda, que o comércio marítimo teria sido 20% maior se não fosse o desbalanço das cadeias logísticas em 2020. Como consequência, hoje, há escassez da matéria prima em diversos setores produtivos.


Sepulveda também destacou os impactos da primeira onda da covid-19, principalmente diante do represamento de cargas e contêineres na China. Apontou as dificuldades enfrentadas nos embarques no primeiro semestre e a recuperação forte em seguida.


Segundo o executivo, o mesmo deve acontecer neste ano. Principalmente diante do aumento do consumo no Hemisfério Norte, que vai causar um estresse na infraestrutura do Hemisfério Sul, principalmente na costa leste da América Latina. Como consequên-cia, será preciso driblar os problemas, principalmente a falta de caixas metálicas represadas em outros portos. “Logística não gosta de volatilidade e o nosso produto é perecível”, destacou Sepulveda.


De acordo com o presidente do Centronave, exportadores já procuram alternativas para garantir os embarques sem os contêineres, principalmente os refrigerados. Alguns já optaram por utilizar embarcações refrigeradas, que eram bastante usadas nas décadas de 80 e 90, para as exportações de proteína animal.


“O mercado tenta se ajustar e espero que (o aumento na movimentação) chegue perto de dois dígitos, mas vai depender de capacidade de contêine-res e embarcações”, destacou Loureiro, se referindo às projeções de crescimento para a movimentação de cargas neste ano.


Fretes


Nos últimos meses, houve uma forte alta dos fretes marítimos. O custo do transporte entre os portos de Santos e de Xangai, na China, cresceu 5 vezes, atingindo US$ 9 mil.


Segundo os especialistas, esse cenário deve permanecer. “A tendência é, enquanto continuar com interrupções, picos e vales, continuar alto, enquanto tiver cenário de falta de contêineres”, afirmou Sepulveda.


A mesma opinião tem Arten, que defende a regulação de preços pelo mercado, além de investimentos em infraestrutura. “É preciso encontrar uma forma de garantir menos burocracia, regulamentação assertiva e um ambiente de negócios controlado pelo mercado”, afirmou.


Tudo sobre:
Logo A Tribuna
Newsletter