Professor e doutor em Economia da FGV fala sobre as expectativas para cenário econômico brasileiro

Gesner Oliveira realizou a palestra de encerramento do 1º Encontro Porto & Mar 2021

Por: ATribuna.com.br  -  16/06/21  -  20:36
Atualizado em 21/06/21 - 16:32
 Professor e doutor em Economia da FGV fala das expectativas para economia em 2022
Professor e doutor em Economia da FGV fala das expectativas para economia em 2022   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O professor e doutor em Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Gesner Oliveira, palestrou no encerramento do 1º Encontro Porto & Mar 2021, realizado presencialmente na sede do Grupo Tribuna e que foi transmitido on-line para cerca dos 500 inscritos no evento, no final da tarde desta quarta-feira (16). Oliveira apontou as expectativas para o cenário da Economia Brasileira em 2022.


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"O fato é que nós em pouco espaço de tempo sofremos duas recessões fortes 15/16 e no ano passado. Precisamos retomar o crescimento para que o país volte a gerar oportunidades", disse Oliveira.


Segundo o professor, a agropecuária foi o setor que resistiu 'olimpicamente' pelo choque causado pela pandemia do novo coronavírus.


Adaptabilidade digital das empresas, medidas anti-crise como o auxílio emergencial e as limitações do distanciamento social nos países em desenvolvimento são três fatores que explicam o desempenho da economia ter sido melhor do que as projeções.


Na palestra, Oliveira abordou os efeitos da segunda onda da pandemia e a vacinação lenta no Brasil, que aumentaram a pressão pela transferência de renda. Ele também apontou que os cenários para a economia mundial e brasileira têm recuperação intensa e desigual.


O professor e doutor em Economia explicou as circunstâncias do pós-covid terem provocado um ciclo de alta de preços das commodities como, por exemplo, a queda nas taxas internacionais de juros, o aumento da demanda dos EUA e China, fatores climáticos específicos e consequências da peste suína na China, além do salto de investimento em infraestrutura e aceleração da descarbonização da economia com metas mais ambiciosas de carbono zero.


Por outro lado, a recuperação brasileira tem sido mais forte do que o esperado pelo mercado. O professor mencionou três fatores de expansão como a forte demanda externa e preços de commodities, a adaptação da economia à pandemia e possível aceleração da vacinação. Mas, há três pontos que exigem atenção como a pressão inflacionária, a crise hídrica e a fragilidade fiscal.


Infraestrutura


"Essas forças nos levam a crer que 2022 será de crescimento e uma taxa de crescimento maior que a esperada em 2021. A infraestrutura é o setor chave para que haja crescimento", afirmou Oliveira.


O professor explicou que a infraestrutura no Brasil é o único setor com claro excesso de demanda e é um setor que continua sendo a principal fronteira de expansão com fortes efeitos de articulação. Além disso, as parcerias público-privadas (PPP's) e concessões tornaram-se mais frequentes.


Ele ressalta que investimentos em infraestrutura por meio de concessões são o caminho provável para a recuperação econômica.


Perspectivas para o setor portuário


Em relação às perspectivas econômicas para o setor portuário no Brasil em 2022, o professor apresentou o que é possível esperar das parcerias e concessões para o setor ainda em 2021. "Há vários projetos, arrendamentos de terminais portuários, projetos de desestatização, portanto, o setor portuário está respondendo e precisa responder porque ele está sendo muito demandado nessa recuperação", justifica.


O Brasil, segundo ele, é excessivamente dependente do modal rodoviária, que representa cerca de 61% da carga transportada no país. "É essencial que nossa matriz de transporte seja equilibrada. O transporte ferroviário precisa ser reforçado, o que nos leva a importância daquele projeto de concessão de ferrovias."


Na apresentação de Oliveira, também teve dados sobre a carga preponderante de commodities nos portos brasileiros, sendo a maioria de minério de ferro, representando 33,4%. O petróleo e derivados representa 20,4%; a soja 8,4% e o milho 5,5%.


O professor explicou que a BR do Mar é um dos projetos prioritários porque tem vários efeitos positivos, incluindo o meio ambiente. "A cabotagem tem um potencial redutor de emissão de gás de efeito estufa bastante expressivo."


Melhoraria da matriz de transporte, aumento da concorrência, redução do Custo Brasil, aumento do investimento e impacto posivitamente no meio ambiente são cinco efeitos importantes da BR do Mar.


"Nós estamos assistindo uma recuperação difícil, que tem obstáculos pela frente, mas que está ocorrendo e a gente vê uma luz no fim do túnel e uma economia que começa a engrenar, que tem muitos desequilíbrios, mencionamos alguns projetos, mas tem vários outros que precisam destravar a economia brasileira", explica.


Antes de finalizar, ele reforça que a infraestrutura é essencial para a retomada da economia. "Apesar da preocupação com a inflação, com as incertezas do mundo político, a economia está recuperando."


Para ele, o setor portuário está no centro dos acontecimentos e é onde deve ocorrer o escoamento. "Tudo isso depende de uma matriz de transporte mais equilibrada, o setor portuário mais ágil, mais moderno, mais eficiente e com menos trava para que possa cumprir o seu papel."


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