Comitiva do Porto de Santos conhece modelo de gestão que faz sucesso na Holanda

Autoridade Portuária em Roterdã é administrada como empresa, sem interferência política

Por: Maurício Martins  -  16/06/22  -  08:32
Os detalhes da gestão foram divulgados pelo diretor internacional do Porto de Roterdã, Rene van der Plas
Os detalhes da gestão foram divulgados pelo diretor internacional do Porto de Roterdã, Rene van der Plas   Foto: Maurício Martins

A Autoridade Portuária de Roterdã foi criada em 1932 pela Prefeitura, que é o órgão público holandês responsável pelo Porto. Em 2004, ela foi transformada em uma empresa pública de capital fechado, com 70% das ações pertencendo ao município e o restante ao governo federal. Porém, ela é administrada como empresa, de forma profissional e sem interferência política.


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Os detalhes de gestão e eficiência foram apresentados pelo diretor internacional do Porto de Roterdã, Rene van der Plas, nesta quarta-feira (15), para a comitiva Porto & Mar 2022, do Grupo Tribuna.


“O Porto de Roterdã é público, mas a gestão é toda profissional. Os acionistas majoritários, do governo, não impõem os gestores. São pessoas de mercado com toda a liberdade para fazer gestão de contratos, arrendamentos, precificação. Coisa que é muito difícil aplicar no Brasil por causa das amarras da legislação”, diz Angelino Caputo, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra) e que já presidiu a Autoridade Portuária de Santos.


Jesualdo da Silva, diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), lembra que a empresa criada para a gestão em Roterdã tem total liberdade. “O governo só entra para a definição de políticas gerais. É diferente do que temos no Brasil, porque as empresas estatais que atuam no porto são todas do Governo Federal ou delegadas ao Governo Estadual. Mas acho que um modelo parecido poderia ser aplicado perfeitamente em Santos”.


Para o chefe da assessoria de Relações Internacionais da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Alexandre Dalfior de Figueiredo, a apresentação de van der Plas foi produtiva. “Ele nos trouxe várias ideias que vão servir para refletirmos um pouco mais sobre nossa modelagem”.


A construção de túneis submersos teve início em Roterdã em 1942
A construção de túneis submersos teve início em Roterdã em 1942   Foto: Maurício Martins

Túnel submerso
O grupo também teve uma aula sobre a experiência de Roterdã na construção de túneis submersos: já são três, e o primeiro é de 1942. A comitiva visitou a mais recente obra de ligação seca, a quarta da cidade e a mesma planejada para ser feita entre as cidades de Santos e Guarujá.


“As pessoas criam uma mística de que (o túnel) é algo impossível de ser feito. Obviamente que aqui o recurso é muito fácil de ser adquirido, porque o governo federal apoia de forma significativa. É uma facilidade maior do que temos. Precisamos buscar recursos, por isso não sai do papel”, diz o secretário de Governo de Santos, Flávio Jordão.


Para o presidente da Câmara de Santos, Adilson Júnior (PP), os holandeses são exemplo de planejamento a longo prazo. “Eles planejam e executam antes de o problema acontecer. A gente ainda está correndo atrás dessa problemática. Eles já definiram o modelo, não ficam discutindo qual seria melhor”.


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