Visão e comunicação contra as incertezas

O que planejamos para o Porto de Santos hoje certamente será o que nos levará ao futuro do complexo portuário

Por: Maxwell Rodrigues  -  16/03/22  -  06:33
Atualizado em 16/03/22 - 08:03
  Foto: Divulgação

A visão de futuro foi o diferencial do passado que nos trouxe ao presente. Seguindo essa linha de raciocínio, o que planejamos para o Porto de Santos hoje certamente será aquilo que nos levará ao futuro do complexo portuário.


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Contudo, apesar da alta demanda de infraestrutura portuária, como acessos e modal ferroviário, o sistema não permite que toda carência seja resolvida em um curto espaço de tempo ou de uma vez só. Vejamos: a tão esperada malha ferroviária ainda não decolou no Porto e alguns atores ainda atuam para que isso não ocorra.


Com um mundo veloz e situações cotidianas que afetam todo o globo, como a pandemia e a guerra da Rússia contra a Ucrânia, decidir já não é a questão e fazer torna-se condição de sobrevivência. Já não temos a pera ferroviária na Margem Direita e as commodities dependem deste modal. Não ajustamos o frete de retorno ferroviário e tínhamos uma expectativa que isso se resolveria com os fertilizantes. Hoje, é uma incerteza.


Com cenários que mudam constantemente, o País precisa entender que a execução de decisões estratégicas não podem levar mandatos e mais mandatos dos nossos governantes para ocorrer. Necessitamos dar continuidade àquilo que foi planejado, seja em qualquer governo, com ambições que foquem no negócio e não na política.


Vejam os terminais da Ponta da Praia e os que dependem da travessia do trem por todo o Porto. Óbvio que isso era uma estratégia do passado, planejada e que afetou o futuro. Os planos daquela ocasião não foram colocados em prática em sua totalidade e isso alterou a relação do Porto com a Cidade.


Outra grande miopia envolve os cruzeiros, que perderam a prioridade até de atracação no cais santista e vivemos uma promessa de mudança do atual terminal para outro local. Será? Por qual motivo? Quando? Até berço de atracação é limitado aos cruzeiros no maior porto da América Latina.


Temos alta dependência de fertilizantes do mercado internacional e estamos planejando investir mais e mais em armazenamento e movimentação deles no Porto, mas uma boa pergunta é: por que o produto não é produzido no País ao invés de se criar uma dependência externa tão grande?


Para tudo isso, comunicar bem é essencial. “O maior problema com a comunicação é que normalmente nós não ouvimos para entender. Ouvimos para responder. Quando ouvimos com curiosidade, não ouvimos com a intenção de responder, ouvimos o que está por trás das palavras”, já dizia Roy T. Bennett.


Esse comportamento é claro no nosso setor portuário, onde muitas vezes a falta de comunicação eficiente faz com que os envolvidos sempre reajam em vez de entender. As mídias sociais ajudam e muito a distorcer aquilo que é falado por quem está planejando. Na verdade, foram feitas não para esse tipo de comunicação, mas sim para o factual social - e não o empresarial. Hoje, as mídias sociais estão poluídas com milhares de informações e o uso de IoT (robôs) faz com que as pessoas tenham a percepção somente daquilo que elas gostam e querem ver, reagindo em vez de entender e fazer com que o debate seja de alto nível.


Ao abrir minhas mídias sociais, diariamente, vejo inúmeros posts sobre a desestatização, mas aprofundamos esse debate como deveríamos? Ou isso é propaganda? Quem sabe um bom oftalmologista e um bom fonoaudiólogo sejam a solução. Será?


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