STS10 e a teoria sobre a evolução portuária

Com a concessão de terminal no Porto de Santos do STS10 batendo na janela, rumores e articulações já surgem no mercado

Por: Maxwell Rodrigues  -  13/04/22  -  07:30
Com a possibilidade de concessão do STS10 batendo na janela, rumores e articulações já surgem no mercado
Com a possibilidade de concessão do STS10 batendo na janela, rumores e articulações já surgem no mercado   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A Teoria da Evolução das espécies tem como principal articulador Charles Darwin. Ele afirmou que os seres vivos descendem de ancestrais comuns que passam por processos de modificação ao longo do tempo. Isso também pode ser aplicado aos negócios, onde a experiência do passado é utilizada pelas novas gerações para as mudanças necessárias em um mundo rápido, globalizado e competitivo. Ao longo do tempo, a evolução leva frequentemente ao surgimento de novas espécies. As modificações são passadas aos descendentes e é por isso que muitos definem evolução como descendência com modificação.


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Já nos portos, o modelo de gestão se transformou ao longo do tempo e, hoje, devemos considerar não só o porto em si, mas também seus “descendentes”, como toda a comunidade portuária - conjunto de atores que realizam atividades direta ou indiretamente relacionadas ao porto e as novas oportunidades de concessão. No passado, tínhamos um modelo e hoje estamos às voltas com modificações. Isso é a evolução do negócio.


Por essa razão, é necessário buscar o alinhamento e a coordenação dos atores para que os portos exerçam um papel de indução da competitividade regional, nacional e internacional. Nesse panorama, a governança em clusters portuários é de fundamental relevância para o aumento da competitividade dos diferentes setores exportadores e importadores do País, impactando na economia como um todo.


De acordo com a teoria de Darwin, há uma luta pela sobrevivência na natureza, mas aquele que resiste não é necessariamente o mais forte, e sim o que melhor se adapta às condições do ambiente onde vive. Esse aprendizado deve ser aplicado no universo portuário? A privatização das autoridades portuárias já é uma realidade e alguns atores tentam criar confrontos sem que haja objetivo concreto. Isso interessa a quem? Eis uma ótima pergunta! No fim do curso, muitos já estão se adaptando e outros ainda insistem em relutar.


Sobreviverá aquele que melhor se adaptar? Desde os últimos acontecimentos com terminais como Libra e Tecondi, o setor defende a necessidade de novos espaços para a movimentação de contêineres no Porto de Santos. Assim, atenderemos a todo o crescimento planejado e projetado. Com a possibilidade de concessão do STS10 batendo na janela, rumores e articulações já surgem no mercado - além de muitas teorias. Governança e verticalização devem ser prioridades da gestão portuária nos próximos anos?


Os desafios das constantes mudanças no ambiente logístico e na sociedade em geral requerem que os portos deixem de ser meros espectadores passivos e burocráticos. Na verdade, eles precisam ser coordenadores dinâmicos da comunidade portuária, das cargas, dos custos, dos investimentos e das operações, agindo como facilitadores da cadeia logística. Verticalização e modelo de gestão são uma metodologia empresarial.


A Teoria da Evolução afirma que é o ambiente, por meio de seleção natural, que determina a importância da característica do indivíduo ou de suas variações. O ambiente dos negócios muda e devemos considera-lo não só nas relações com clientes, operadores de terminais, agentes logísticos e outros provedores de serviço. Devemos considerar, também, relações com os governos locais, regionais e federal, com a sociedade, com o mercado e com todos os tipos de stakeholders envolvidos. O ambiente ideal é de muita liberdade econômica e competitividade, com uma regulação responsiva, focando no negócio.


Após muitos debates, podemos questionar se existe privatização positiva ou negativa, verticalização positiva ou negativa e até mesmo governança positiva ou negativa. O certo é que modelos são modelos e é evidente que, para os contrários, será sempre algo negativo, enquanto para os favoráveis, tudo será positivo. Vários setores dentro dos portos possuem gestão integrada e são verticalizados. Toda a operação é feita pela iniciativa privada. O transporte aéreo é outro exemplo dessa transformação.


Seja qual for o ambiente, mudanças e teorias devem proteger os investimentos, para que não percamos mais uma década nos portos do Brasil. Privatização, governança e liberdade econômica são a nova teoria portuária. Avançaremos e não mais especularemos?


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