A luta entre razão e instinto

Ele é executivo e apresentador do programa Porto 360°

Por: Maxwell Rodrigues  -  19/01/22  -  07:25
  Foto: Carlos Nogueira/AT

A segunda lei da termodinâmica, uma das mais bem testadas da física, afirma que a desordem de todo sistema fechado tende a aumentar. Setores que se “fecham” no mercado, olhando exclusivamente interesses individuais, tendem a ficar cada vez mais desordenados. A lei também diz que, para arrumar qualquer bagunça, teremos que gastar alguma quantidade de energia. Porém, fomos condicionados pela evolução a economizar energia, não a gastá-la. O resultado é um mundo cada vez mais caótico.


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A maneira mais simples de se lidar com os problemas é usando o “protocolo não-tenho-nada-a-ver-com-isso”, isentando-se de toda a responsabilidade, arranjando algum bode expiatório, usando de autopiedade ou priorizando outros problemas mais urgentes a serem resolvidos – e sempre há, você concorda?


Em pleno 2022, o conflito entre as gerações nunca esteve tão latente como nos dias de hoje. Uma olha para os interesses e modelos operacionais do passado, enquanto outra quer mudar aquilo que a primeira não quer. Isso sem contar a geração que está chegando sem saber para onde ir pela falta de direção das outras duas. Uma verdadeira bagunça.


Podemos ser mais diplomáticos, mas sem esquecer da ciência e sempre percebendo que o ser humano e o chimpanzé comungam de 96% dos seus genes. Instinto! O que chamamos de razão está nos outros 4%.


O instinto de corporativismo deve pertencer aos 96% de genes comuns, pois suponho que tenha suas origens nas savanas africanas, quando nossos antepassados dependiam fortemente do grupo para sobreviver. Afinal, 96% são superiores a 4% e as forças instintivas sempre falam mais alto.


É dentro desse instinto de sobrevivência que projetos não caminham dentro do nosso setor e no nosso país. O Reporto é um grande exemplo, com o risco elevado de responsabilidade fiscal obrigando o “rei” a vetar algo estratégico. Jogando para a torcida (Congresso) o poder de deliberar e decidir. Com isso, o tempo passa, a desordem aumenta e a instabilidade cresce vertiginosamente.


A desagregação das instituições, a relativização da ética e a omissão das responsabilidades não favorecem em nada o sucesso da espécie. Quando alguém realmente se dá conta deste fato, os instintos voltam a se agitar e, então, alguns são levados a gritar o óbvio: “o rei está nu”.


No processo democrático, estamos sempre em busca do rei e razão pede representatividade daquele que irá mudar/alterar o que é necessário, desde que não nos afete. Pois, se nos atingir, iremos usar o instinto para derrubar um rei que mal começou a governar.


Do outro lado, quem acabou de se sentar no trono se preocupa mais em continuar lá do que em criar uma política clara e de continuidade. Afinal de contas, as próprias instituições podem estar acostumadas com a desordem e não com o planejamento.


A razão pede planejamento e entregas, enquanto o instinto convive com a desordem para garantir a sobrevivência, independente do resultado proporcionado coletivamente. O certo é que, sem o Reporto, investimentos deixarão de acontecer e corremos o risco de sucatear os portos pelo alto custo em importar tecnologias e equipamentos. Um retrocesso.


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