Roubo e tráfico são 92% dos atos infracionais cometidos pelos jovens da Fundação Casa

Há relatos de meninos que, aos 10 ou 11 anos já cometem seus primeiros delitos. Roubos respondem pela maioria dos casos

Por: Redação  -  03/10/21  -  11:10
Atualizado em 07/10/21 - 18:37
 A maioria dos internos tem entre 15 e 18 anos, mas o início dessa ‘vida’ se dá muito antes
A maioria dos internos tem entre 15 e 18 anos, mas o início dessa ‘vida’ se dá muito antes   Foto: Vanessa Rodrigues

Assim como em 2017, quando o Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT) realizou esse censo pela primeira vez, a maior parte dos atos infracionais cometidos pelos internos diz respeito ao roubo (59,3%) e tráfico de drogas (32,9%).


Em terceiro lugar aparece o furto (3,3%). A diferença entre roubo e furto é que, no primeiro, o ato ocorre mediante ameaça e violência, enquanto o crime de furto é descrito como subtração, ou seja, diminuição do patrimônio de outra pessoa, sem que haja violência.


A maioria dos internos tem entre 15 e 18 anos, mas o início das práticas infracionais começa muito antes. Quando perguntados se o motivo que os levou à internação tinha sido o primeiro ato infracional, 55,9% responderam que não, índice semelhante ao verificado em 2017, de 57,2%.


Outro dado que surpreende: com quantos anos você praticou uma infração pela primeira vez? 19,9% afirmaram que foi aos 13 anos, 24,5% aos 14 anos, e 18,5% aos 15 anos.


Em queda

Dados da Polícia Civil da região apontam uma queda acentuada no número de adolescentes apreendidos entre 2019 (918) e 2020 (375). No primeiro semestre deste ano, foram 200 menores infratores apreendidos e levados para a Vara da Infância e Juventude.


João Carlos de Almeida Meirelles, professor universitário e estudioso das questões que envolvem os jovens e o crime, pondera que há uma relação estreita entre o meio e a forma como esses jovens vivem, e a entrada para o universo dos delitos.


“Não é porque nasceu em uma comunidade carente que está fadado a ser criminoso. Só que em uma família onde há exemplos de condutas erradas e faltam infraestrutura e suporte, a chance desse menino ou dessa menina se sentir atraído pelo delito é grande. É nesses casos que a existência de programas sociais fará toda a diferença”.


  Foto: Infografia: Mônica Sobral

Polícia preventiva

Edmir Santos Nascimento, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), diz que há relatos de crianças que, com 10 e 11 anos já cometem pequenos roubos, evoluindo depois para o tráfico de drogas. Para ele, o trabalho protetivo com as famílias mais vulneráveis deve começar logo cedo, evitando que crianças e adolescentes sejam atraídos para o crime.


Mas como o poder público vai interferir na essência de uma família vulnerável? “Com políticas públicas que lidem com as relações parentais. Além disso, diz, é preciso garantir que essas crianças tenham atividades e participem de programas educativos, esportivos e culturais dentro da própria comunidade.

Veja matéria em vídeo abaixo:



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