Entre os que responderam que sim, na família tem exemplos de adultos ou adolescentes em conflito com a lei, foi perguntado quem havia cometido o crime ou delito. Um ‘irmão’ foi a resposta de 25,7% dos entrevistados, seguido pelo ‘pai’ (17,6%), ‘tio/tia’ (15,1%). A ‘mãe’ responde por 1,6% das respostas. Esses dados acompanham o verificado em 2017: irmão, 38,1%; tio/tia, 33,6%; pai, 20,6%. (veja mais no gráfico)
Os dados são melhor compree
Nas falas dos adolescentes, a relação com a figura feminina da família parece ser mais forte. Não por acaso, quando perguntados quais são os ídolos que eles têm, a mãe é frequentemente citada.
Outro adolescente, de 15 anos, diz que apanhou do pai quando ele soube que estava na “vida errada”, mas ele continuou traficando mesmo assim. “Ele falava pra mim: para com isso, vai pra igreja, mas eu queria ter o meu dinheiro. Então, mentia pra ele que ia sair pra tomar um lanche, mas ia era traficar mesmo”.
Durante a pandemia, as visitas dos familiares ficaram suspensas, mas todos os internos tiveram contato com os familiares por meio de videochamadas.
“Muitos adolescentes repetem os modelos que viram na família. É o que eles aprenderam, é o que eles têm como referência. É utópico imaginar que vamos conseguir entrar na intimidade da família, então, é preciso fortalecer a escola e outros programas sociais. Mostrar outros valores a essa criança, a esse adolescente”, diz a juiza-auxiliar Natália Cristina Torres Antônio, da Vara da Infância e Juventude de Santos.
Para Edmir Santos Nascimento, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), é fundamental que existam programas que acompanhem as famílias dos adolescentes. “Nem sempre a família desse jovem que cumpre uma das medidas socioeducativas sabe como lidar com ele. É preciso haver um acompanhamento dessa família”.