Futebol lidera a preferência dos internos das unidades da Fundação Casa na Baixada Santista

IPAT constatou que 91,4% dos internos ouvidos pelo instituto praticavam atividade esportiva quando foram apreendidos

Por: Redação  -  03/10/21  -  16:03
Atualizado em 07/10/21 - 18:29
 Mais que atividade física, o Esporte evidencia valores como disciplina e resiliência
Mais que atividade física, o Esporte evidencia valores como disciplina e resiliência   Foto: Vanessa Rodrigues

Se a escola e as atividades educativas têm mais resistência entre os jovens internos, o mesmo não acontece em relação ao esporte. O IPAT constatou que 91,4% dos internos ouvidos pelo instituto praticavam algum tipo de atividade esportiva quando foram apreendidos. O número é semelhante ao encontrado em 2017: 87,7%.


O esporte campeão de preferência é o futebol, com porcentagens que variam de 38% a 64% entre as seis unidades da Fundação Casa da região. E para a prática desse esporte, 95% dos internos declararam haver quadras esportivas próximas de onde vivem. Depois do futebol vêm o surfe, capoeira e jogos de luta, como caratê, judô e muay thay. Natação é o esporte menos citado pelos internos.


Aproveitar espaços

Para além do prazer pelo esporte, a atividade física é interpretada por especialistas como importante pilar de ressocialização e culto a valores da sociedade que serão importantes na vida adulta.


“A ruptura da trajetória infracional do menor se dará com as políticas implantadas para recuperação. Sendo essas medidas precárias, os infratores retornarão à sociedade com a mesma visão com a qual entraram. Com a ajuda dos esportes poderão assimilar regras fundamentais para o convívio harmonioso na sociedade, sem infringir regras estabelecidas, auxiliando na ressocialização”, escreveram Débora Soares Cesário, Marlúcia Ferreira Rocha e Kênia Luiza Ferreira Rocha em artigo publicado na Revista Eletrônica Nacional de Educação Física (Renef).


“São muitos os benefícios trazidos, como o respeito, trabalho em equipe, diálogo, levando-os a uma nova realidade de vida social. Somente mostrando ao menor infrator que existe uma outra possibilidade de viver sem que participe do crime, é que poderão se afastar da ilegalidade”, escreveram as estudantes.


Resgate das brincadeiras

Eliane Fátima de Souza, professora de Educação Física da unidade 2 de Praia Grande da Fundação Casa, explica que, quando os adolescentes chegam para a internação provisória, a primeira tarefa é fazer uma avaliação física. “Precisamos saber em que estágio estão do desenvolvimento físico”.


Em geral, diz Eliane, eles gostam de esportes e atividades. “Eles chegam na quadra e parece que voltam para o ambiente da escola. Ficam mais à vontade”.


“Eles são adolescentes, estão na fase de ficar musculosos, gostam de exercícios de condicionamento físico”. O trabalho de Eliane vai além de promover o bem estar físico. Ela diz que, nas atividades, eles acabam tendo contato com outras questões que envolvem o esporte, como o envolvimento com os colegas, a disciplina, o espírito de time.


“Também resgatamos as brincadeiras de infância, as atividades que tinham na escola. Eles têm sonhos em relação ao esporte. Já foram de escolinha de futebol, e sonham em ter oportunidade. A gente incentiva. O esporte dá oportunidades que em outras áreas não teriam sucesso. Eles percebem suas habilidades”.


Eliane confirma que o esporte preferido é o futebol. “Eles se percebem realizados, se sentem importantes dentro do time. É um momento de relaxamento, de prazer absoluto”.


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