Quebrar tabus, abrir a mente, cuidar do corpo e se adaptar a uma nova realidade, com a maturidade cada vez mais ligada à busca pela qualidade de vida. Hoje, estes são os principais desafios a quem está na terceira idade. Num mundo impactado pela covid-19, apostar na medicina preventiva, falar sobre sexo e não empurrar os medos para baixo do tapete são atitudes vitais para uma vida longeva e saudável. E o Grupo Tribuna presta uma importante contribuição com o projeto Diálogos da Maturidade, que terá mais uma edição na quarta-feira.
Em meio à pandemia, o cuidado com o corpo se faz ainda mais necessário a esta faixa etária, como frisa o biomédico e CEO do laboratório Cellula Mater, Carlos Eduardo Pires de Campos. Segundo ele, foi possível perceber, de 2020 para cá, que “as pessoas que mais se cuidaram no período de crise sanitária são os idosos”.
“Daqui a 30 anos, a nossa população será formada, em sua maioria, por idosos. Por conta disso, falamos tanto na medicina preventiva e na importância de se cuidar antes de ter alguma doença. Traçando um paralelo com nossa casa, é mais fácil consertarmos a goteira do telhado antes que venha uma chuva forte”.
Ele conta que a procura dos idosos por serviços preventivos de saúde foi tamanha que a Cellula Mater abriu, em Santos, a unidade Vivva, dedicada ao grupo. Carlos reforça que, hoje em dia, os “exames são os maiores aliados” que as pessoas têm para se proteger de problemas de saúde.
Mas se engana quem pensa que apenas a parte física faz a diferença para uma vida saudável. É preciso também ter atenção aos aspectos sociais, psicológicos e sexuais, principalmente aos tabus relacionados a este último item, como destaca a psicóloga e terapeuta sexual e de casais Marcia Atik.
“Quem hoje está na terceira idade é de uma geração de muita repressão e negação do sexo. Isso é mais presente nas mulheres, mas não quer dizer que os homens vivem a sexualidade na velhice de maneira saudável. São dois problemas distintos que se encontram nessa fase da vida. A mulher foi reprimida e, mesmo madura, ainda sofre para reconhecer seus próprios desejos e colocá-los em prática. Por sua vez, o homem aprendeu que o sexo acabava com a chegada da velhice”.
Marcia explica que remédios podem ser receitados visando a melhoria da prática sexual, mas o tema merece uma análise mais aprofundada e ser discutido constantemente, quebrando tabus e amarras históricas.
“Em uma certa época, pensei que não atenderia mais homens idosos, mas o resultado foi justamente o contrário, pois eles me procuravam por acharem que não mereciam ter uma parceira da mesma idade. Tinham medo de se assumirem como pessoas desejosas para mulheres igualmente desejosas”.
Novo comportamento
Nas ruas de Santos, idosos ouvidos por A Tribuna comentaram o vem mudando na rotina deles, graças ao acesso cada vez maior a informações e aos recursos capazes de transformar suas vidas. “A diferença é muita. Perto da época das minhas avós, que ficavam fazendo crochê em casa, hoje vamos à ginástica, dançamos e viajamos, o que não acontecia antes”, resumiu a aposentada Sueli Fortes, de 66 anos.
O casal de aposentados Gerson da Silva, de 73 anos, e Maria Aparecida Medeiros, de 60 anos, concordou com Sueli e pontuou que, em outros tempos, quem tinha mais de 50 anos já era considerado idoso. “Procuramos fazer nosso check-up direitinho, caminhamos, andamos de bicicleta e aproveitamos bastante”, disse Maria.
O também aposentado Carlos Roberto, de 72 anos, caminha regularmente pelas praias de Santos e diz colocar a saúde em primeiro lugar. “Cuido da alimentação, faço corrida, ioga, caminhada e ainda aproveito o sol. Os idosos de outra época não tinham essa liberdade, condições e estavam sujeitos a trabalhar até a morte. Com certeza, é melhor ser idoso hoje em dia”.
Dedicado ao público com 50 anos ou mais, o projeto Diálogos da Maturidade, do Grupo Tribuna, terá sequência neste mês. Na quarta-feira, o foco do debate será a Vida Sexual Sem Tabus, com as participações da psicoterapeuta Ana Carolina Costa e da doutora em psicologia clínica Dorli Kamkhagi. Ambas são do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Já no dia 10, o projeto chegará ao fim com um bate-papo e apresentação musical de Zé Alexandre, vencedor da edição deste ano do The Voice +, da Rede Globo.