Quem tem um parente com sintomas de Alzheimer sabe o quanto são necessários ingredientes como compreensão e disposição para prestar assistência a ele. Mas, além do paciente, quem está ao lado dele também merece atenção. É o caso dos cuidadores, sejam parentes ou profissionais contratados para esse fim.
O alerta é deixado pelos especialistas que participaram de mais uma live do projeto Diálogos da Maturidade, promovida nas redes sociais do Grupo Tribuna. A conversa sobre o tema Memória e Saúde Mental teve mediação da gerente de Projetos e Relações Institucionais, Arminda Augusto, e da repórter Janaína Hohne, da TV Tribuna.
A tarefa de cuidar do paciente com Alzheimer não torna o cuidador uma pessoa que não tem vida própria. A busca por atividades que fortaleçam física e mentalmente quem cuida são vitais para exercer a tarefa da melhor forma.
“Deve haver sensibilidade de quem não cuida diretamente da pessoa com Alzheimer. É comum o cuidador adoecer. Cabe aos médicos também virarem o olhar para eles, durante uma consulta, e perguntarem como se sentem”, ensina o psiquiatra Marcos Vasconcelos Pais, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.
Novas habilidades
Pais lembra que o desenvolvimento de habilidades pode, de alguma forma, ajudar a prevenir o surgimento do Alzheimer. “Novas atividades, adquirir novos interesses, é sempre um desafio para o cérebro. Se há uma genética desfavorável, mas se investe em prevenção, mesmo tardiamente, pode-se adiar o início do adoecimento, ou tê-lo de forma menos dramática.”
O médico geriatra Alberto Macedo Soares acredita que a retomada gradual das atividades físicas é muito importante. “Destaco a importância de caminhar. Não é para o idoso saltar de bungee jump, mas desfrutar dessa autonomia que voltamos a ter”, observa.
Os dois profissionais ressaltam que nem todo esquecimento ou perda de memória é indício de Alzheimer. Mas que a perda de função cognitiva acima do normal pelo avanço da idade precisa ser avaliada.
“Quem tem que promover ou conduzir um paciente a uma investigação é sempre um profissional. Uma precipitação pode trazer estragos”, acrescenta Soares.