Projeto Lab Procomum reúne tribos para encontrar soluções criativas em Santos

O Instituto Procomum nasceu em 2015 com a proposta de estimular o convívio entre pessoas, criando soluções políticas e econômicas alternativas

Por: Tatiane Calixo & Da Redação &  -  26/09/20  -  17:10
Há vários ambientes no Lab, incluindo uma horta
Há vários ambientes no Lab, incluindo uma horta   Foto: Matheus Tagé/AT

Nos laboratórios espalhados por aí, o ambiente exala inovação. Há uma busca por soluções criativas e existe uma rede de compartilhamento de tecnologia e informação. É em espaços assim que o futuro vai sendo construindo no presente. Engana-se, porém, quem acredita que esses são ambientes exclusivos das academias. Pelo contrário. Na região da Bacia do Mercado, em Santos, o Lab Procomum reúne várias tribos para solucionar problemas com ferramentas modernas, de olho no futuro daqueles que mais precisam.



O Instituto Procomum nasceu em 2015 com a proposta de estimular o convívio entre pessoas, criando soluções políticas e econômicas alternativas. Hoje, já consegue conectar pessoas de diferentes lugares do mundo em busca de formas sustentáveis de viver, produzir e construir.

“Desenvolvemos vários projetos e um deles é o Lab Procomum que é um espaço de 1.200 metros quadrados que oferece diversas possibilidades e ferramentas para ajudar empreendedores em seus projetos”, explica Georgia Haddad Nicolau, diretora e co-fundadora do instituto.
E quando Georgia diz “diversos espaços e ferramentas”, é diverso mesmo. Além de cursos e palestras, pelas salas e corredores do Lab é possível encontrar máquina de corte a laser, impressora 3D, um espaço maker com ferramentas para ajudar na confecção do que a imaginação criar.

Ainda há biblioteca, uma área para ensaios culturais, espaço de trabalho coletivo com internet e uma horta com plantas medicinais. Tudo que pode ser utilizado, sem custos, por criativos e empreendedores que precisarem.

E além disso, temos área que serve de residência para hospedar artistas ou colaboradores que recebemos”, acrescenta Georgia.

E para potencializar tudoisso, esse caldeirão fica na região central de Santos, que une uma comunidade repleta de carências que precisam ser supridas e uma área rica em história que consegue inspirar.


Projetos


Dessa forma, o Lab recebe pessoas em busca de mentoria, informações para seus negócios, espaço para desenvolvê-los ou inspiração. Dali, conta Georgia, ela viu nascer diversos projetos: sarau na periferia de Bertioga, espaço cultural em São Vicente, horta e escola comunitária.
“Tivemos um grupo de surfistas que se uniu para construir uma máquina para moer garrafas pet que eles recolhiam. Também teve um projeto para a construção de casa de reza e de banheiro seco em uma aldeia indígena e um carrinho com plantas e chás medicinais para atender a população de rua”, enumera.

Do Lab também surgiram monitores hospitalares de baixo custo, assim como aquecedores de água a preço popular. Todas ações que, de alguma forma se beneficiaram do projeto, seja com mentoria, utilização do espaço, de equipamentos ou auxílio na captação de recursos.

“A gente defende o conhecimento livre e temos uma orientação clara em dar voz e vez para negros, mulheres, indígenas e LGBTQ+. É uma forma de combater a desigualdade econômica e cultural. Afinal, quem inova? Quem tem acesso a espaços de conhecimento”, indaga Georgia.


No dia a dia, soluções contra o coronavírus


E se a vocação do Procomum é encontrar soluções para as comunidades,neste momento de pandemia, o Lab abriu as portas (ainda que com revezamento e distanciamento social), para ações neste sentido. Fernanda dos Santos Câmara Melo faz parte do projeto Face Shield Baixada Santista e conta que a ação faz parte de um movimento Makerglobal.


“É um movimento cidadão para fabricação de protetores faciais feitos por impressoras 3D para atender profissionais de saúde nos hospitais da região. Ele foi iniciado por nós do Santos Hacker Clube, mas foi tomando proporção e juntando mais pessoas”.


Hoje, o grupo soma cerca de 30 voluntários trabalhando para entregar os equipamentos de proteção para os profissionais da saúde. Até agora, já foram quase 2 mil e mais uma leva de 500 saindo ainda este mês.


“O projeto foi apoiado pelo LabProcomum que também acolhe o Santos Hacker Clube. O Lab é um ponto de encontro fundamental para quem está pensando e fazendo cultura e inovação cidadã na região, pois fornece, além de estrutura física, uma rede de pessoas que apoiam projetos como esse”, avalia Fernanda.


Na pandemia, aporte do Lab foi fundamental em projeto social


Para além da estrutura física, a colaboração do Lab Procomum em questões gerenciais e de rede foi fundamental para as ações durante a pandemia de uma entidade que atende famílias na periferia de São Vicente.


O Instituto Chegados, fundado por Dener Marcos Xavier, atua na Vila Margarida e México 70. Eles participaram de cursos do Procomum ainda no ano passado como objetivo de fortalecer e estruturar melhor os trabalhos de arte e cultura já desenvolvidos.


“São ações desde projetos de moda, como o Favela Fashion Dique, que trabalha a autoestima até o projeto Meeting que oferece inglês gratuito na comunidade”, explica a diretora Taynara Dias.
Mas quando a covid-19 exigiu distanciamento social e muitas famílias perderam o emprego, a entidade teve que correr atrás do básico e a rede de conhecimento do Procomum ajudou.


Começamos a pensar em estratégias para ajudar a comunidade. Foi aí que surgiu o Família apoia Família e outras ações que nos doaram cestas básicas e máscaras”, diz a diretora.


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