Projeto em Santos usa o esporte contra a vulnerabilidade social

Bruto Fruto tem esporte como carro-chefe, mas está presente em ações de suporte para a comunidade

Por: Ted Sartori, colaborador  -  05/10/22  -  10:31
“Fica um pouco difícil de numerar quantas pessoas atendemos”, diz Tatiana, que deseja ampliar trabalho
“Fica um pouco difícil de numerar quantas pessoas atendemos”, diz Tatiana, que deseja ampliar trabalho   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Lapidar é um trabalho necessário quando o olhar clínico percebe que ali está uma joia, muitas vezes encoberta pela aridez do cotidiano. E, muitas vezes, surgem várias. É o caso do projeto Bruto Fruto, iniciado em 2015 para atender às comunidades de Vila Nova, Mercado Municipal e Monte Serrat. A vulnerabilidade social levou a sua criação, com o esporte como carro-chefe — e aulas realizadas atualmente no ginásio da UME Colégio Santista.


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“Ao ver drogas, prostituição e gravidez precoce, percebi a necessidade de atuar intensamente nessa região. Iniciei trazendo o handebol como instrumento de transformação, ofertando uma nova modalidade na comunidade, que sempre tinha como referência o futebol”, relembra Tatiana Bitencourt Pinho, idealizadora do Bruto Fruto e treinadora da modalidade.


Aos poucos, crianças e adolescentes conheceram o handebol e foram se encantando, o que trouxe motivação para que participassem de jogos e campeonatos. Eles têm de 8 a 18 anos e quantidade igual de meninos e meninas. A meta, porém, ultrapassava as linhas da quadra.


“Com o passar do tempo, comecei rodas de conversa, sempre escutando muito o que eles tinham para falar e quais eram as dificuldades na vida, em casa e na escola. Comecei a me relacionar com a comunidade, envolvendo as famílias com as questões da escola, do projeto e as questões nos lares”, conta Tatiana.


Ações
Com isso, o Bruto Fruto iniciou ações de suporte à comunidade dos alunos que participavam do projeto, além de moradores do morro e do Mercado. Entregaram-se cestas básicas, kits de higiene e produtos de limpeza.


“Em 2021, iniciamos o Projeto Bruto Fruto pela Dignidade Menstrual, em que distribuímos absorventes para as alunas, além de colocarmos um ponto de retirada na Sociedade de Melhoramentos do Monte Serrat”, acrescenta.


Nas datas festivas — Páscoa, Dia da Criança e Natal —, o Bruto Fruto oferece festa a mais de 300 crianças da comunidade da área central. Presentes, lanches e doces são distribuídos, transformando as datas em dias de alegria para toda a família.


“Fica, até, um pouco difícil de numerar quantas pessoas atendemos. Além dos mais de 300 presentes nas festas, para se ter uma ideia, são 70 praticando o handebol e 60 meninas no Dignidade Menstrual”, estima Tatiana.


Para o futuro, o Projeto Social Bruto Fruto pretende ampliar o atendimento também aos finais de semana — as aulas de handebol são às terças e quintas-feiras — e com novas oficinas para atender à toda comunidade da área central de Santos.


Iniciativa tem ajudado participantes dentro e fora das quadras
Iniciativa tem ajudado participantes dentro e fora das quadras   Foto: Alexsander Ferraz/AT

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Handebol com a bola toda
O handebol no Bruto Fruto e as melhorias que o esporte trouxe unem as vidas dos jovens Marcelly Cunha de Araújo e Miguel Gomes. Os dois também cursam o 2º ano do Ensino Médio no Colégio Barnabé, no Centro de Santos.


Moradora da Vila Nova, Marcelly participa da iniciativa há seis anos, antes da formação do projeto. “Éramos todos da escola municipal Avelino (da Paz Vieira, ao lado do antigo Colégio Santista, local do Bruto Fruto). Participávamos de vários campeonatos, e quem treinava a gente era a Taty (Tatiana Bitencourt Pinho, idealizadora da iniciativa). Desde então, o projeto vem nos ajudando muito. Já tive oportunidades muito legais por causa disso”, lembra.


A jovem treinou na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), foi para São Paulo jogar e também acabou chamada para defender o Santos em um campeonato. E o auxílio foi além do esporte. “Na pandemia, o projeto ajudou a gente com cestas básicas e produtos de higiene. Até hoje, ganhamos todos os meses”, conta Marcelly, que pretende seguir no handebol, mas tem planos de fazer faculdade de Direito. “Nas datas comemorativas, o projeto faz festas para crianças, e nós, atletas, ajudamos nessas ações”, completa.


O Bruto Fruto também colaborou com Miguel Gomes, morador do Saboó, fora das quadras. Há cinco anos, ele integra a iniciativa. “O handebol ajudou que eu me curasse de um início de depressão, além de ter me ajudado a ir para a modalidade no Santos. Penso, inclusive, em seguir carreira no handebol”, revela.


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