Projeto em Santos renova vidas com atividades físicas e muita alegria; VÍDEO

Instituto Kaffé Sport atende 320 pessoas de 50 a 90 anos por semana

Por: Natalia Cuqui  -  29/10/21  -  12:19
Atualizado em 29/10/21 - 13:48
 O projeto começou há três anos, em praças de Santos
O projeto começou há três anos, em praças de Santos   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A atividade física tem a capacidade de mudar a vida das pessoas, física e emocionalmente. No Instituto Kaffé Sport, há seis meses atuando na Vila Criativa Sênior, em Santos, ninguém fica parado e a energia contagia todos os que visitam o local. (veja matéria em vídeo mais abaixo)


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Quem está à frente do projeto é Weverson Alexandre Nogueira Patriota, o Kaffé, de 46 anos, professor de Educação Física. O projeto começou há três anos em praças de Santos. “A gente não cobra muito (em termos de exigência), sempre falo isso para elas (as alunas). O que eu levo para elas é alegria. Trabalho muito a autoestima.”


O projeto, que conta com oito modalidades esportivas, atende 320 pessoas por semana, de 50 a 90 anos. Em média, os alunos participam de duas modalidades, e alguns frequentam o espaço diariamente.


As atividades são as de dança flamenca, dança de salão, alongamento solo ou na cadeira, caminhadas na praia, ritmos, funcional e yoga.


“Todos os alunos estão vacinados. A gente exige o comprovante de vacinação e atestado médico”, afirma.


O professor trabalha em conjunto com a Secretaria Municipal de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo, que cede o espaço da Vila Criativa para as atividades. Ele reforça que, além de pôr o corpo dos alunos em movimento, também trabalha com a saúde mental: o local recebe, também, palestras de psicólogas, que conversam com os idosos.


De acordo com Kaffé, há espaço para professores e palestrantes que quiserem participar voluntariamente do projeto.


“Muitas idosas aqui são sozinhas, muitas delas tiveram perdas. A gente trabalha muito em cima disso, em cima do luto, da depressão. Um momento que me marca muito é quando escuto que muitas delas saíram da depressão. Tivemos palestras no Setembro Amarelo (mês de prevenção ao suicídio), Outubro Rosa (de conscientização sobre o câncer de mama).”


Kaffé contou que, durante a pandemia, quando as atividades presenciais tiveram que ser suspensas, ele mantinha contato com os participantes por meio de aulas a distância, gravação de vídeos e por telefone.


“Era muito bacana, a gente ligava, fazia chamadas de vídeo. Muitos sofriam de depressão. Então, a gente pegava esses alunos doentes e fazia esse contato. Eu ligava para saber como eles estavam. Sempre lembrávamos data de aniversário, já que muitas delas são sozinhas ou, então, a família está longe”, detalha.


Reestruturação
A estudante de Psicologia Caroline Trevisan, de 30 anos, está no terceiro ano da faculdade e é uma das voluntárias no espaço. Segundo ela, nem todos enxergam a saúde mental como algo tão importante quanto a saúde física e, por isso, viu um pouco de dificuldade na hora de as alunas se abrirem com ela. A recompensa, no entanto, surge.


“Eu ajudo as pessoas a reestruturar o emocional, até porque estamos passando por uma situação na qual nosso emocional fica muito abalado. As pessoas acreditam que a saúde é fisica, mas temos que cuidar da saúde mental antes de tudo. Os problemas sempre existem e, muitas vezes, nos deixamos abalar, mas as pessoas têm um potencial enorme pra conseguir ser muito mais do que elas imaginam. O Kaffé me chama para algumas programaçõe. É algo que eu sinto que é o meu propósito”, celebra Caroline.


 Frequentadores dizem que presença no instituto virou parte fundamental do dia a dia: falta, só por doença
Frequentadores dizem que presença no instituto virou parte fundamental do dia a dia: falta, só por doença   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Dores vão embora, histórias emocionam
Para a dona de casa Marcia Gonçalves Azevedo Pinto, de 72 anos, as aulas são tão importantes que ela só falta por motivos de saúde. “Já estou aqui há uns cinco anos. Sou muito ativa e minha saúde melhorou 100%.”


Com as atividades, Marcia tem autoestima reforçada: “Todos os dias eu me olho no espelho e falo que sou linda, bonita e maravilhosa”.


A gerente de vendas Sônia Maria Costa, de 72 anos, chegou à Vila Criativa há quatro anos com fibromialgia, doença que afeta os nervos. “Eu ficava triste porque sempre fui muito ativa e, de repente, estava prostrada no sofá, assistindo à televisão. Eu detestava. Minha cunhada me trouxe aqui e eu comecei a dançar. Depois de três meses, o medicamento diminuiu, depois de seis meses diminuiu mais um pouco e, depois de um ano, eu não tomava mais nada”, comemora.


A professora Jéssica Rocha, de 41 anos, dá aula de alongamento, dança sênior e dança flamenca para os idosos na Vila Criativa Sênior, juntamente com o Instituto Kaffé. Ela, que é pós-graduada em Gerontologia, afirma que o trabalho com idosos proporciona retorno “muito grande. Quando alguém chega para mim e diz ‘eu melhorei’, eu já ganho o dia. É um trabalho voltado para a saúde, e eu trabalho isso neles o tempo todo”.


Entre as atividades que Jéssica realiza com eles, está uma roda de conversa onde as alunas falam dos problemas para, depois, dançar e se divertir.


Ela se emociona ao contar a história de uma aluna que, depois de perder parentes, “tentou se matar depois de várias perdas, mas hoje está feliz da vida, faz todas as atividades com a gente. Esse é o nosso trabalho: promover saúde, bem-estar e qualidade de vida para essa população idosa".


‘Eu amo tudo no meu trabalho. Me sinto bem, feliz, de acordar cedo e saber que vou fazer o bem para alguém, e que elas vão receber isso. É uma troca, elas também estão me fazendo bem”, analisa.


A Vila Criativa Sênior é coordenada por José Luiz Trevisan, de 55 anos, que limpou o prédio com a ajuda de voluntários e do serviço público. Ele conta que os serviços são muito procurados e que não há mais vagas, devido ao distanciamento social necessário por causa da pandemia. O prédio, segundo ele, havia sido invadido, e por isso levou mais de um mês para que tudo voltasse ao lugar.


“Hoje você percebe o espaço de energia, de muita alegria, um espaço maravilhoso que as senhoras têm aqui. É uma energia que contagia”, afirma.


Veja matéria em vídeo abaixo:



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