Projeto de fisioterapia em universidade de Guarujá atende pacientes gratuitamente; VÍDEO

Unaerp mantém programa há mais de duas décadas e presta serviços que se tornaram referência no segmento

Por: Rosana Rife  -  22/10/21  -  11:24
 Trabalho ocupa áreas que setor público não consegue, pois não há convênio com Sistema Único de Saúde
Trabalho ocupa áreas que setor público não consegue, pois não há convênio com Sistema Único de Saúde   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O projeto Fisioterapia Solidária da Unaerp Guarujá nasceu há mais de duas décadas para atender gratuitamente a comunidade do entorno da universidade. Ao longo dos anos, o trabalho foi conquistando espaço e sendo reconhecido no Município a ponto de ocupar áreas que o setor público não consegue, pois não há convênio com o SUS. Assim, se tornou uma referência nesse segmento. (veja mais no vídeo abaixo)


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A diretora-geral da Unaerp Guarujá, Priscilla Bonini Ribeiro, explica que a ideia de criar a clínica de fisioterapia surgiu no Núcleo de Projetos Sociais, como forma de a universidade cumprir seu papel social. “Há uma diretriz da universidade para que os cursos tenham um projeto vinculado à comunidade na qual está inserida. Nele, você coloca toda sua experiência, seu corpo docente qualificado e seus alunos em benefício dessa comunidade”, afirma.


Segundo ela, com essa filosofia, o resultado se torna positivo para todos os envolvidos. “Ganha o aluno na qualidade de suas habilidades e técnicas para sua formação. Ganha o professor, com a experiência de novos casos e situações que a vida acadêmica e o atendimento à sociedade proporcionam. E ganha muito mais a comunidade, que tem um profissional qualificado e motivado, atendendo de uma forma ética e profissional.”


 Priscilla (à esquerda) e Ana Paula: compromisso com a comunidade local
Priscilla (à esquerda) e Ana Paula: compromisso com a comunidade local   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Detalhes
Na clínica de fisioterapia, os pacientes têm acesso a orientações e atendimentos nas áreas de ortopedia, traumatologia, reumatologia, neurologia para adultos e crianças e dermato-funcional, visando à prevenção, à reabilitação e à melhora da qualidade de vida dessas pessoas.


“O aluno vem aqui com vontade, com sede de aprender e motivado para mudar a vida do paciente. Mas ele não atende sozinho. Você tem um fisioterapeuta, que é o professor, junto. Esse é o grande diferencial”, ressalta Priscila.


Superação
A professora e supervisora da clínica, Renata Morales Banjai, explica que, no caso da neurologia, o objetivo é explorar ao máximo a capacidade física que o paciente podem desenvolver. “A gente não avalia a perda, mas o potencial que ele tem para ser desenvolvido.”


Uma novidade é o atendimento na área de Saúde da Mulher. São atendidas pacientes que fizeram mastectomia e com incontinência urinária, diz a coordenadora do curso, Ana Paula Siqueira Sabbag.


“No último caso, elas entenderam que existe tratamento e que nem sempre é preciso cirurgia. Elas ganham em qualidade de vida, pois muitas tinham vergonha de sair por receio de ter perda de urina ao tossir ou ao dar uma risada”, comenta.


E, por causa da alta demanda, o núcleo também passou a atender a ala masculina. “Neste último ano, passamos a atender homens com incontinência urinária devido ao câncer de próstata. No Município, não há local, apenas clínicas particulares. Até a Prefeitura encaminha pacientes para a gente.”


Em razão da pandemia, a clínica também se voltou para pacientes que tiveram sequelas motoras e respiratórias após a doença. Para ser atendido, são necessários encaminhamento médico e passagem por avaliação da equipe técnica.


A diretora-geral da Unaerp conta que há uma fórmula especial para atuar em tantas frentes e ter reconhecimento. “Amor ao próximo e, junto a esse componente, aliamos o profissionalismo e técnica adequada.”


 Fratura levou aposentado à clínica, que o acolhe no tratamento de dores. “A gente recarrega a energia”
Fratura levou aposentado à clínica, que o acolhe no tratamento de dores. “A gente recarrega a energia”   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Paciente antigo
O aposentado João Minervino, de 74 anos, figura na lista dos pacientes mais antigos da clínica. Ele chegou por causa de uma fratura em um pé e não saiu mais. Há 13 anos, faz sessões de fisioterapia que ajudam a reduzir as dores que sente pelo corpo. “Depois da fratura, vieram a artrose, a bursite, a dor nas costas. Foi complicando tudo com a idade.”


O tratamento tem sido fundamental para mantê-lo em pé e ativo. “Às vezes, não consigo dormir à noite com dor. No dia seguinte, quando venho, fico bem melhor. A gente recarrega a energia. Quando cheguei, não conseguia andar direito. Agora, pego ônibus sozinho e ando até de bicicleta.”


A estudante Luiza Djane, Soares Loiola Barros, de 31 anos, está de olho no tratamento do aposentado e sempre sob a supervisão dos professores. Para ela, o estágio confirmou a escolha correta da profissão e a vocação para a fisioterapia. “É fundamental a prática clínica, porque traz o melhor para o paciente e desenvolve tudo o que a gente aprendeu ao longo do curso. Tudo isso vai nos ajudar no mercado de trabalho.”


 Carla Mathias Ramos (à dir.) está há 11 meses se recuperando de sequelas deixadas pela covid-19
Carla Mathias Ramos (à dir.) está há 11 meses se recuperando de sequelas deixadas pela covid-19   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A empreendedora Carla Mathias Ramos, de 36 anos, teve covid-19. Ficou na UTI por dez dias. Emagreceu 12 quilos. Diabética, sobreviveu “por milagre”. Mas ficou com sequelas. “Minha glicemia estava entre 500 e 600. Fui para a UTI, e todo mundo achando que era do diabetes.”


Ela teve arritmia e foi intubada. “A enfermeira desconfiou de covid-19, e o exame deu positivo. Meus rins começaram a parar, e meu corpo quase entrou em colapso. Quando fui para o quarto, não conseguia andar”.


Carla saiu do hospital em uma cadeira de rodas. “Perdi totalmente o movimento dos pés e a sensibilidade nas pernas”. Em 11 meses, vem se recuperado, passo a passo, com a fisioterapia na clínica da Unaerp.


“Cheguei na cadeira de rodas. Hoje, tenho vida normal, com umas limitações. (...) Meu sonho, agora, é voltar a correr”. É a estudante Daiana Ferreira, 22 anos, quem acompanha a empreendedora. Assim, vê na prática o que os livros explicam. “Ela tem neuropatia periférica. É como se os nervos estivessem machucados por causa da covid, e ficou com o pé caído. Estamos fazendo um trabalho para estimular o equilíbrio e o caminhar para ela poder ter alta”.


Para Daiana, o estágio é um aprendizado sem fim. “É maravilhoso ver a evolução do paciente.”


Veja mais no vídeo abaixo:



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