Instituto leva alegria para o corpo e a mente na Vila Criativa Encruzilhada em Santos

Essa é a tônica do projeto 'Feliz Idade', gerido pelo Kaffé Sport

Por: Ted Sartori  -  12/09/22  -  19:55
Atualizado em 13/09/22 - 10:40
Alunas sentem a vida melhorar participando das atividades
Alunas sentem a vida melhorar participando das atividades   Foto: Matheus Tagé/AT

O passar dos anos traz experiência às pessoas, mas a tristeza pode, muitas vezes, vir junto. Contra isso, nada melhor do que ser alegre por viver e conviver. Essa é a tônica de um projeto chamado Feliz Idade, gerido pelo Instituto Kaffé Sport na Vila Criativa Encruzilhada, em Santos.


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O trabalho com pessoas acima de 50 anos foi iniciado em 2016 por Weverson Alexandre Nogueira, o Professor Kaffé. O conhecimento, porém, já vinha de mais de duas décadas: em 1994, ele estava envolvido na oferta de oportunidade de atividades físicas e esportivas para jovens de comunidades carentes, com o auxílio de estudantes e professores de Educação Física, em um espaço cedido pelo antigo 2º Batalhão de Caçadores de São Vicente — atual Batalhão de Infantaria Leve.


Há seis anos, quando começou o trabalho atual, as atividades eram em praças e na praia. Primeiramente, com aulas de caminhada e alongamento. Depois, de ritmos. Agora, há modalidades como dança de salão, de segunda a sexta-feira, das 14 às 18 horas.


O instituto foi criado em 1998. “Com o reconhecimento do trabalho, as aulas passaram a ser realizadas com o Município: Centro Esportivo e Recreativo Rebouças e Espaço do Idoso. Em 2021, as atividades foram realizadas na Vila Criativa Sênior (no Embaré)”, comenta Kaffé. A utilização da Vila Criativa Encruzilhada é fruto de parceria com a Secretaria de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo.


Uma das aulas é a de ioga, ministrada pela professora Regina Santos. “É uma prática que tem como objetivo trabalhar o corpo e a mente de forma interligada, com exercícios que auxiliam no controle de estresse, ansiedade e dores no corpo, além de melhorar o equilíbrio e promover sensação de bem-estar e disposição”, afirma. “Além de todos esses benefícios, o melhor é a socialização. Sempre peço a eles: mesmo que não tenham vontade ou disposição de praticar, venham mesmo assim”, emenda.


Saúde emocional
Para se ter uma ideia de como as aulas, de maneira geral, são procuradas, basta ver o número de alunos em cada uma delas: 48 na de ioga, 45 na de alongamento em cadeira, 46 na de alongamento geriátrico, 47 na de alongamento solo, 109 nas de dança de salão (somados os dois horários) e 45 na de ritmos sênior.


“Além das atividades físicas, temos cuidado também com a saúde emocional e mental de nossos alunos e alunas. Temos um calendário anual de ações, como palestras com psicólogas, sobre primeiros socorros e alimentação, e diversas atividades de integração, como o Halloween e o Festival de Danças”, detalha Kaffé.


A mudança de vida é evidente nas palavras de moradoras de Santos e que participam do Feliz Idade.


Neusa Maria Teles Ravazani, de 76 anos, é uma delas. Frequentadora há seis anos, desde quando a iniciativa ficava no Embaré, ela se considera outra pessoa desde então e se encontrou nas aulas de dança.


“Eu era um bichinho. Não passeava e não saía de casa. Meu pai não deixava, e meu marido era igual. Tive filhos, cuidei dos meus pais doentes e meu marido morreu há 15 anos. Quando meus pais morreram, fiquei meio depressiva. Estava um dia chorando no Canal 5 e uma moça chamada Edna me aconselhou para que fosse na Vila Criativa, no Embaré. Agora, o corpo vai embora com a música que estiver tocando. Sofri tanto. Por que agora não posso brincar? Agradeço muito ao Kaffé por ter virado essa menina doida”.


Aposentada do comércio e professora formada, Rosa Elisabete de Lima, de 69 anos, também faz aulas de dança, ocupando com muita alegria a agenda da semana inteira.


“Sinto-me mais disposta para o dia a dia. Vejo as outras amigas, mais velhas do que eu, e dá ânimo. Espero chegar à idade delas assim também. Há também muitas palestras sobre temas importantes e coisas para se aprender. São todos muito gentis e meu círculo de amizades é daqui. É um aconchego o que fazem aqui. É como se fosse minha família”, define.


Sergipana da cidade de Salgado, a meia hora de Aracaju, Terezinha Ferreira, de 62 anos, viu a vida mais doce depois de fevereiro, quando começou a frequentar o espaço. Ela se aposentou como faxineira de um prédio, depois de 31 anos de serviço. Agora, limpa só a mente, com dança e ioga.


“Não consigo ter raiva de ninguém nem ver problema. Só solução. Tinha depressão, crises de pânico e ansiedade. Tomava remédio para dormir e agora durmo, sem nem escutar o vizinho bater o portão. Conheci amigas e reencontrei outras. Venho todos os dias. Se eu pudesse, dormiria aqui. Venho feliz. É minha segunda casa”, afirma Terezinha.


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