Sou da Paz: trajetória de mobilização pela vida

Entidade é referência contra a violência

Por: Maurício MartinsDa Redação  -  31/10/21  -  15:49
 Instituto contribui para a redução da impunidade em crimes violentos no Brasil
Instituto contribui para a redução da impunidade em crimes violentos no Brasil   Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A trajetória do Instituto Sou da Paz se mistura com o próprio peso de sua caminhada. A instituição, que tem 20 anos, é referência na luta para a diminuição da violência no País. E a imagem de um grupo formado apenas de pessoas contrárias ao porte indiscriminado de armas não corresponde com o alcance do trabalho desenvolvido.


“Nascemos de uma campanha de estudantes pelo desarmamento, entendendo que a arma de fogo não é um fator isolado para a violência, mas é catalisadora, potencializa uma violência mais letal. E, quando a gente começou a campanha como movimento, entendemos que era importante criar uma instituição para discutir segurança pública de forma mais ampla. O controle de armas passou a ser uma das frentes”, conta a diretora executiva Carolina Ricardo.


Hoje, o Sou da Paz tem dois grandes objetivos. Um é contribuir para a redução da impunidade em crimes violentos no Brasil, sobretudo homicídios. “A gente tem um plano estratégico e acredita que, entre 2019 e 2023, se conseguirmos aumentar a capacidade do Estado brasileiro de dar boas respostas aos homicídios, vai conseguir dar uma grande contribuição. Além disso, outro grande objetivo é engajar a população no debate sobre segurança pública”.


Carolina entende que, ainda que as pessoas tenham muito medo, pautar as cobranças com base em dados e evidências ajuda a qualificar os pleitos. “Boa parte do nosso trabalho tem a ver com produção de dados, de forma mais amigável, de mobilização da sociedade, para trazer mais gente para esse debate e aproximá-la das forças de segurança”, acrescenta.


Embrião do Instituto Sou da Paz, a campanha contra o desarmamento permitiu que, em poucos meses, fossem entregues mais de 3.500 armas na cidade de São Paulo. Estas armas foram, pela primeira vez na história do Brasil, destruídas publicamente.Os primeiros projetos se dedicaram às regiões mais afetadas pelos homicídios: os jovens moradores dos distritos do Jardim Ângela (leia mais na página 8), Jardim São Luís e Capão Redondo, na zona sul da Capital.


Ampliação e orgulho

Aos poucos, o Sou da Paz aumentou os temas de trabalho: desde 2003, desenvolve iniciativas para melhorar a atuação das polícias. Além disso, forneceu assessoria a várias prefeituras na realização de diagnósticos e planos locais de prevenção da violência. Para Carolina, o Instituto é responsável pela satisfação de saber que pode fazer a diferença na vida de tantas pessoas.


“Temos uma história bonita, que mostra que existem caminhos. Claro que o Poder Público tem muito a fazer, mas a sociedade precisa se mobilizar. Estou desde 2005 no Sou da Paz, e a história da minha vida é muito conectada com a do Instituto. Tenho muito orgulho do que já fizemos. Não é fácil debater segurança pública no Brasil, porque é algo polarizado, visceral. Muitas pessoas discutem “com o estômago”. E o nosso trabalho procura produzir informação de qualidade, põe a mão na massa. Não fala apenas do alto da pesquisa, mas faz projetos, está lá na ponta. No Brasil que a gente vive, com essa agenda sobre armas, temos feito um trabalho muito relevante”, avalia.


Atuação - “Nascemos de uma campanha de estudantes pelo desarmamento, entendendo que a arma de fogo nãoé um fator isolado para a violência, mas catalisadora, potencializa uma violência mais letal” -Carolina Ricardo,Diretora-executiva do Sou da Paz


Logo A Tribuna
Newsletter