Segurança Pública volta à discussão em meio a crimes violentos na Baixada Santista

Caminho a ser percorrido é longo até que tema deixe de ser uma preocupação

Por: Redação  -  31/10/21  -  09:29
 Assim como em novembro de 2018, o projeto A Região em Pauta retoma a discussão sobre segurança pública
Assim como em novembro de 2018, o projeto A Região em Pauta retoma a discussão sobre segurança pública   Foto: Reprodução

O debate sobre segurança é constante nas plataformas do Grupo Tribuna. Mostrar os casos, cobrar autoridades e discutir soluções fazem parte do cotidiano da grupo. E, no momento em que a Baixada Santista vivencia uma nova sequência de crimes violentos, o tema volta à cena com força. E uma coisa é certa: o caminho a ser percorrido é longo até que deixe de ser uma preocupação. No entanto, há soluções possíveis para mudar esse jogo.


Assim como em novembro de 2018, o projeto A Região em Pauta retoma a discussão sobre segurança pública. Uma live na última terça-feira, no Facebook e no YouTube, foi mediada pela jornalista Arminda Augusto, gerente de Projetos e Relações Institucionais do grupo, e contou com autoridades e especialistas no tema. Esse caderno amplia a discussão, com novos elementos.




Para a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, o debate precisa ser propositivo e não ficar apenas “apontando o dedo” para eventuais responsáveis pelo quadro atual. “A gente acredita que, para transformar, é preciso trabalhar em conjunto. O Sou da Paz não é aquela organização que não faz crítica à Polícia. Fazemos quando precisa. Mas estamos juntos, construindo projetos, porque a gente sabe que é preciso trabalhar em parceria com as instituições. É um pouco isso, o eu a gente faz. Acho que o diálogo com a região tem muito a ver com a produção e análises de dados”, acredita.


Ela reforça que a ideia é contribuir para uma visão mais ampla. E, junto com os gestores, pensar em soluções. “Muita gente acha que somos um bando de gente que está tentando lutar contra o controle de armas. A gente faz isso e muito mais”.


Já o coronel Cássio Freitas, responsável pelo CPI/6, também acredita que é vital a integração entre as forças policiais, o Estado e a sociedade civil para a melhora constante nos índices de criminalidade.


“Uma questão de segurança pública tem que envolver todo mundo, para que ela seja eficiente. Claro que, quando se pensa em segurança pública, vem à cabeça o policial fardado ou o delegado, é natural isso. São aqueles servidores públicos, agentes que trabalham basicamente com isso. Mas o envolvimento da sociedade é muito importante, porque dependemos de informações de qualidade, que constituem uma ferramenta muito importante, tanto quanto helicópteros e viaturas”, avalia.


O comandante da Polícia Militar na Região lembra que o sucesso do trabalho da corporação também passa pela intervenção de outros entes públicos, com as prefeituras, no caso de locais com grandes concentrações de usuários e drogas - e, claro, traficantes.


“A Polícia não tem poder para resolver um problema de saúde pública. Quando se fala que há uma concentração de pessoas que são usuários de drogas numa determinada região, que o policiamento tem dificuldade de uma eficácia ali, é porque não há o que fazermos com essas pessoas. Não temos um recurso legal para tirá-las daquela região. Nós vemos o surgimento de cracolândias em vários locais do mundo. Não é um fenômeno brasileiro”, observa.


No seu lugar

Diretor da Polícia Civil da região, o Deinter-6, que reúne os municípios da Baixada Santista e Vale do Ribeira, Manoel Gatto Neto defende o trabalho dos policiais civis da Região. Para ele, a cobrança pela manutenção de criminosos presos não está ao alcance da sua instituição.


“A Polícia Civil não é um órgão de acusação. Temos a função de apurar a verdade dos fatos, o que realmente aconteceu naquela ocorrência. Colhemos indícios e provas a favor e contra qualquer pessoa. Pertencemos ao Poder Executivo. Temos como chefe o Governador e, depois, subordinados ao secretário de Segurança Pública. Não existe hierarquia entre as polícias”, pondera.


Ele acrescenta que o foco atual está nos crimes contra o patrimônio (furto, roubo), a receptação, crime organizado e lavagem de dinheiro. “Temos intensificado as operações policiais, melhorado o atendimento público, e principalmente, aumentado a sensação de segurança”, argumenta.


Para autoridades, situação não está fora do controle

Manchetes de jornais, portais e destaque nas redes sociais. Postagens com sinal de luto e demonstrações de indignação. Não foram poucas as vezes, nos últimos meses, que crimes com extrema violência foram cometidos na Baixada Santista, levando à pergunta inevitável: até quando? As autoridades reconhecem o panorama, mas dizem que não há motivo para pânico.


O assassinato da empresária Alessandra Tomie Watanabe, em Itanhaém, no dia 4 de outubro, é um dos casos que chocaram a Região. Ela tinha 41 anos e foi mortaa poucos metros do 1º DP da cidade. A vítima foi cercada por cinco bandidos, que acertaram um tiro em sua cabeça e outro no abdômen. Para Manoel Gatto, a crueldade não faz parte do modus operandi dos bandidos locais.


“A família em casa, a moça lavando o carro, chegam cinco ladrões, rendem todo mundo e desferem um tiro na cabeça de uma mulher e de duas crianças. Isso é um absurdo. Até o ladrão tem ética. Respeita a criança. E, gratuitamente, fizeram isso. Os ladrões não eram da Região, e foi algo que chocou bastante. A ligação que a gente pôde fazer é que eram pessoas de fora. Essa violência a gente atribui como trazida de fora, porque não é característica na nossa região”, alega. “Estamos aprendendo a conviver, estudando esses casos. Mas a resposta, com a prisão dos envolvidos, foi bastante importante”.


Para o chefe do Deinter-6, outro caso que ganhou as manchetes, da morte de um funcionário de uma loja de ferragens em Vicente de Carvalho, possui uma explicação – mas não uma justificativa. “Nos casos de Guarujá, houve reação por parte das vítimas, o que explica, mas não justifica tamanha violência. Mas não é motivo para alarme. Estudamos para ficar atentos, mas não houve omissão”, sustenta.


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