Pandemia desperta a solidariedade. E depois dela?

Empresas buscam perenidade das ações

Por: Redação  -  10/10/21  -  14:55
 Comércios fechados e demissões: o cenário da covid-19 impactou a economia e exigiu postura das empresas
Comércios fechados e demissões: o cenário da covid-19 impactou a economia e exigiu postura das empresas   Foto: Alexsander Ferraz/AT

De repente, o choque. Tudo fechado, todos em casa, contaminações em alta, hospitais lotados. O coronavírus lançou um desafio sobre a humanidade, que ainda tenta se readaptar a novos tempos – e se recuperar de tantas vidas perdidas. No entanto, a Covid-19 acabou sendo, mesmo que indiretamente, responsável por acelerar a adesão aos princípios ESG. Agir foi necessário – e quem não o fez, deve pagar a conta.


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“Com a pandemia, muita gente parou para repensar a vida: as relações pessoais, como administrar o tempo, dar prioridade para a família ou uma vida mais saudável. No home office, trabalho e casa viraram uma palavra só, assim como as vidas pessoal e profissional. Quem não começou ainda, está vendo que o ESG trata disso, de integrar os propósitos pessoais aos da empresa. Isso cria uma conexão, muito mais forte do que simplesmente uma obrigação”, analisa Luiz Fernando Lucas, escritor, especialista em ESG e compliance.


Ele acrescenta que, ainda que algumas empresas tenham sucumbido à crise econômica decorrente da pandemia, o cenário ainda é de boas perspectivas para as companhias de diversos segmentos. “Teve um acelerar muito forte. Obviamente que, na pandemia, algumas empresas e segmentos específicos só conseguiram trabalhar na sobrevivência, mas que foram exceções na curva, como um todo. Mas a gente viu, durante a pandemia, aumento de riqueza em vários segmentos”.


Lucas avalia, ainda, que houve um aumento de consciência das pessoas, seja pela questão dos investimentos, ou de causar um impacto no mundo. “As empresas estão se movendo para o ESG até como forma de atrair seus clientes, atrair sua equipe e novos talentos”.


Placas tectônicas


Carlo Pereira, do Pacto Global da ONU, lembra que as empresas vivem, no campo econômico, um panorama que sucede a décadas de preocupação apenas com os dividendos para os acionistas, a chamada primazia. Um recado dado por Larry Fink, CEO e fundador da Black Rock, maior gestora de ativos do mundo, movimenta US$ 9 trilhões, ajudou a compreender que as mudanças representadas pelas práticas de ESG são irreversíveis – e capazes de transcender a pandemia.


“Todo mês de janeiro, ele solta uma carta endereçada aos CEOs das empresas nas quais investe, que são milhares, muitas no Brasil. Eles têm caráter ativista, propondo essa agenda ESG. Fink disse que, nesse momento, a força é comparável à movimentação de placas tectônicas da carta de 2020. Aí, veio a pandemia. Perguntado sobre o que deveria ser feito, se era o momento de recuar na implementação dos conceitos, ele disse: ‘Mantenham as posições. O movimento de placa tectônica foi acelerado’”, exemplifica.


O recado também é direcionado a empresas que não possuem ações na bolsa –companhias que buscam a adoção de boas práticas têm ganho preferência nos investimentos – mas a todas que possuem bons valores.


“Não dá para ficar de fora, seja por uma questão de pressão dos investimentos, seja dos consumidores: 80% do que a gente consome faz parte das grandes cadeias globais. Vivemos um grande movimento de autotrregula-ção. Então você, sendo parte de uma grande cadeia, vai ser obrigado a se enquadrar em regras, mesmo que não seja na legislação brasileira”, complementa Pereira.


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Moisés Basílio, gerente de sustentabilidade da EcoRodovias, argumenta que empresas que já praticam há anos os elementos do ESG como cultura têm menos problemas na hora de abraçar essas questões. Mas faz um alerta: é preciso saber bem o que pode entregar.


“É necessário, para a implantação, que a empresa se autoconheça, saiba seus impactos, suas fragilidades, para que possa compreender o que é material para seu negócio. Num país como o Brasil, há uma série de aspectos diferentes entre as empresas. O mercado, de forma geral, tem expectativas e a sociedade também. A partir desse entendimento, a empresa precisa começar a trabalhar”, avalia.


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