Menos vagas de emprego e muito mais capacitação são temas debatidos em Santos

A Região em Pauta, do Grupo Tribuna, debateu o emprego na região

Por: Redação  -  03/07/22  -  19:46
Realizado em dois painéis, fórum debateu o cenário atual do mercado de trabalho e as perspectivas para quem quer ocupar uma vaga
Realizado em dois painéis, fórum debateu o cenário atual do mercado de trabalho e as perspectivas para quem quer ocupar uma vaga   Foto: Matheus Tagé/AT

As perdas de vagas no mercado de trabalho, o uso cada vez maior da tecnologia em diversos ramos de atividade, além da criação de outros, e a capacitação constante nessa linha digital, não importando o emprego, foram assuntos debatidos em mais uma edição do fórum A Região em Pauta, realizado no auditório do Grupo Tribuna.


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O tema foi Geração de Empregos na Baixada Santista, dividido em dois painéis, mediados pela jornalista Arminda Augusto, gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo Tribuna.


Os empregos formais na Baixada Santista caíram e, mais ainda, nas indústrias da região, caso do Polo Petroquímico de Cubatão. O cenário provocou um crescimento de MEIs (microempreendedores individuais), em um movimento que aconteceu em todo o País, acentuado pela pandemia de covid-19. Nem tudo, porém, é igual.


“A faixa etária do nosso mercado de trabalho estabilizou, mas aumentou a faixa etária de aposentadoria. Os ciclos que acontecem na nossa Região não acontecem de forma idêntica em outras regiões”, afirma Rodolfo Amaral, jornalista especializado em Gestão Pública e analista de dados. Sócio-fundador da Data Center Brasil (DCB), Rodolfo apresentou estatísticas que nortearam o debate.


Ricardo Serra, coordenador do Centro Público de Emprego e Trabalho de Santos, lembra que o Porto de Santos ainda movimenta a empregabilidade no município. “Somente no setor de transporte e logística são 32 mil carteiras de trabalho contra 29.500 de todo o setor do comércio. Se contarmos as empresas que orbitam em volta do Porto, essa quantidade vai explodir”, calcula.


A propósito de vagas no Porto, Bruno José dos Santos, presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão, foi chamado a falar no evento. Estivadores protestavam justamente sobre a redução de vagas da categoria. “É importante ampliar os campos de trabalho, mas também manter os que temos. Integro um sindicato em que não entra um trabalhador há 12 anos. Quantas pessoas morreram, se aposentaram e quanto o Porto de Santos cresceu neste período?”, questionou.


Vitor Cavalcanti, diretor-geral do Instituto IT Mídia, compara a situação do Porto com a da indústria automotiva em São Paulo. “Esse ramo investe em automação das fábricas há muitos anos. E hoje, se você pegar qualquer dessas empresas grandes, a tecnologia está de ponta a ponta, do chão de fábrica aos processos administrativos. Brigou-se tanto pela manutenção do trabalho e não se discutiu um treinamento para essas pessoas ocuparem outras posições”.


Capacitação
A importância da ca-pacitação para preenchimento de vagas com novas competências que surgem também foi um assunto bastante tratado. “O tempo é muito cíclico. Se a pessoa não buscar se capacitar, não vai ter lugar no mercado de trabalho. Ela pode falar: ‘Ah, mas estou empregada’. Mas, mesmo assim, tem que se capacitar”, afirma Ricardo Serra.


Cursos existem aos montes – e muitos gratuitos -, mas nem sempre o número de vagas é preenchido ou, para concluí-los, esbarra-se em problemas ligados à formação básica. “Todos os prefeitos podem se sentar em uma mesma mesa e tratar dos assuntos. A solução não está muito difícil, mas não adianta você começar a tratar o assunto daqui de cima. Precisa olhar para baixo”, afirma Rosângela Gibelato, diretora regional do Trabalho e Empreendedorismo da Baixada Santista.


Hudson Carvalho, especialista em Gestão de Pessoas e Estratégia Organizacional, deixou dois conselhos importantes para os jovens que estão entrando em um processo de qualificação, em busca do mercado de trabalho. “Não despreze os cursos técnicos, ainda que se pense em fazer uma universidade. Há muitas oportunidades. E não pensem fora da caixa. Pensem como se a caixa não existisse”.


Vitor Cavalcanti lembra da necessidade de que se incentive cada vez mais o aprendizado em tecnologia, mesmo que não vá lidar diretamente com aquilo. “Não se pode forçar ninguém a estudar programação, por exemplo. É necessário, primeiro, identificar o talento”, exemplifica. “Seja no emprego ou empreendendo, sempre é necessário observar as coisas de cima. Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, como disse o escritor português José Saramago”, diz Marco Aurélio Rosas, gerente do Sebrae-SP na Baixada Santista.


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