A jornalista Sônia Bridi e o ambientalista Fabio Feldmann são duas referências brasileiras quando o assunto envolve meio ambiente e clima. Cada um em suas respectivas áreas.
Enquanto ela fez do tema algo recorrente em suas matérias na Rede Globo, ele foi secretário da pasta do Estado de São Paulo entre 1995 e 1998, além de estar presente na criação de entidades e eventos para discutir o assunto , casos da SOS Mata Atlântica e do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Os dois enviaram depoimentos para o evento e para este caderno do A Região em Pauta. E Sônia deixa claro que a luta tem de ser travada antes que todos sejam vítimas de um retrato mais ampliado do que já vem acontecendo. É hora de, observa a jornalista, assumir culpas pelas mudanças na atmosfera do planeta, provocadas por emissões de gases sem controle, e driblar o negacionismo de alguns.
“As mudanças climáticas são o desafio mais forte que a humanidade já enfrentou. O potencial destruidor de muitas e muitas guerras vai afetar a infraestrutura, a capacidade de produzir alimentos, a biodiversidade e a segurança. Isso está refletido nas tempestades cada vez mais intensas, nas ondas de frio cada vez mais frias e no calor cada vez mais quente. O corpo humano tem um limite para suportar essas mudanças. Nós estamos vivendo grande emergência climática”, argumenta. “Se você não é uma pessoa que se preocupa com as mudanças climáticas, você está vivendo em outro planeta. Está na hora de a gente estudar mais o assunto”, emenda.
Vulnerabilidade
Uma das preocupações da jornalista diz respeito justamente à Baixada Santista, lembrada por ela como uma das zonas mais vulneráveis do País. Ela, inclusive, chama a atenção para o estudo feito pelo Estado de São Paulo em que Pedro Camarinha é um dos envolvidos.
“Acredito que na região isso seja uma coisa de extrema urgência porque é uma baixada e as baixadas vão ser as primeiras a sentir os efeitos maiores. As tempestades vão ficar mais frequentes e o nível dos oceanos vai aumentar, o que significa que as ressacas vão fazer com que a água invada a praia e chegue nos bairros, comprometendo locais já ocupados com prédios e casas. Isso demanda muitos investimentos públicos e privados, em um país como o Brasil que tem tanta deficiência de infraestrutura. E tem de ser pensada uma infraestrutura que suporte as mudanças climáticas”, explica.
Porto
Além de valorizar a iniciativa do Grupo Tribuna no debate de um tema que não deve sair da agenda, Fabio Feldmann também chama a atenção para a Baixada Santista nesse processo vivido globalmente, a partir de um outro ponto. E é de saída justamente para o mundo.
“Cada vez mais nós estamos assistindo os impactos do aquecimento global. É calor muito grande na Índia, na Ásia, desastres naturais, enfim uma série de fenômenos. Mas a Baixada Santista é uma região que também será afetada. Essa elevação do nível do mar na região vai ou não vai afetar as atividades portuárias? Lembrando da importância de Santos como o maior porto do Brasil”, afirma.