Falta de viaturas, problemas com equipamentos, instalações precárias, falta de condições de trabalho e de reconhecimento aos profissionais. O cenário desenhado pelas entidades que representam os policiais pode ajudar a explicar o momento de insegurança vivido pela população da Baixada Santista. São vários os questionamentos dos sindicatos da categoria, que cobram respostas e ações do Governo do Estado, que rebate as críticas (confira na matéria abaixo).
De acordo com Renato Martins, presidente do Sinpolsan (Sindicato dos Policiais Civis de Santos e Região), ocorre uma falta de investimentos, que vêm sendo reduzidos há muitos anos, e o resultado disso é a situação das suas unidades, da frota composta por viaturas precárias, obsoletas e inseguras, a situação do sistema de telemática, com baixo e insuficiente investimento em tecnologia e também a baixa remuneração, além da ausência de investimento em atualização e aperfeiçoamento dos servidores policiais.
“Fomos obrigados a buscar o Judiciário para assegurar a substituição dos coletes balísticos vencidos dos Policiais da região. Foi necessário ajuizar ação para buscar fornecimento de EPI’s para os Policiais, uma vez que a Administração chegou a fornecer álcool gel vencido e ineficaz em meio à pandemia”, relata.
Martins reclama ainda do que considera “unidades insalubres, inseguras e isso está simbolicamente representado pelo péssimo estado do Edifício Sede da Diretoria do Deinter-6”. “Nenhuma delegacia foi edificada ou reformada com dinheiro do Estado. As últimas reformas que a Administração aponta foram realizadas com orçamentos municipais e algumas com recursos de empresas locais”, diz.
Ele também cita a falta de uma unidade do Instituto Médico Legal em operação em Santos. “A Baixada Santista possui há quase três anos somente um IML para atender toda a região. O posto, atualmente em Praia Grande, foi construído para amenizar a demanda de Santos e Guarujá, mas atende sozinho, sem possuir a estrutura necessária”.
De acordo com o sindicalista, há outros problemas, como mau estado das viaturas. “A maioria da frota é obsoleta, com mais de uma década de uso, com ferrugens, buracos, sem manutenção e, aqui em Santos, há a situação absurda de uma viatura ser compartilhada por duas Unidades. Um Palio Weekend de 2010 é compartilhado pelo 4º Distrito Policial e pela CPJ”, afirma.
Marcio Pino, presidente da Feipol (Federação Interestadual de Policiais – Sudeste), por sua vez, argumenta que o Estado deveria na realidade investir para que a Polícia Civil, responsável pela polícia judiciária, conseguisse desenvolver um trabalho de investigação de qualidade. Isso se dá com investimento nos profissionais e tecnologia.
“Hoje os policiais estão enfrentando sobrecarga de trabalho, conciliando investigação com plantões policiais, realizando operações, denominadas como gincanas, que já se provaram incapazes de influir e impedir na prática dos crimes. Em quatro anos, os poucos mais de 108 policiais civis contratados para a Região não foram suficientes para suprir os mais de 50 policiais aposentados e falecidos no período”, pontua.
Queixa - “Nenhuma delegacia
Por meio de nota, a Secretaria de
A SSP afirma, ainda, que tem atuado para valorizar os profissionais da segurança pública. “Já no primeiro ano de governo concedeu um reajuste salarial às categorias e atendeu pleitos históricos das forças policiais. Ampliou o número de policiais alcançados pela bonificação por resultados e aumentou número de pagamentos anuais ao transformar o benefício em bimestral ao invés de trimestral”.
A secretaria garante que, em relação à pandemia, todos os departamentos de Polícia do Interior (Deinter) e suas respectivas unidades gestoras dispõem de recursos para a aquisição de suprimentos e EPIs. Especificamente sobre o álcool em gel, alguns Deinter adquiriram o produto em galões de 5 e 10 litros que foram enviados para as unidades para utilização. O último lote adquirido tem validade até 2022.
Capacitação e tecnologia
Sobre a falta de investimentos em tecnologia e infraestrutura de trabalho, a SSP pondera que investiu fortemente também na capacitação dos policiais - estimulando e custeando o intercâmbio dos agentes com as forças de segurança de diferentes países pelo mundo – e na modernização da frota e dos equipamentos utilizados por eles.
S
Sobre as situações do IML de Santos e do Palácio da Polícia, a SSP afirma que “buscou o uso de múltiplas fontes de recursos – próprios e oriundos de parcerias com a iniciativa privada e municípios. Com isso, já foi possível concluir as obras em mais de 80 prédios policiais e outras 128 já estão em reforma ou com os respectivos projetos em andamento com previsões de entrega até o fim de 2022. Dentre esses imóveis, está o Palácio da Polícia, que já conta com o projeto para obra concluído e os recursos para execução assegurados”.
Intervenção
A SSP celebra a redução expressiva das mortes por intervenção policial em todo estado. Em setembro,