Bicicletas se destacam como sinal de integração necessária entre cidades da Baixada Santista

Bicicletas se destacam como meio de transporte capaz de encurtar distâncias entre as cidades da Baixada

Por: Redação  -  05/12/21  -  11:57
Movimento de valorização das bicicletas como meio de transporte é recente no País; no entanto, alguns locais ainda têm políticas embrionárias
Movimento de valorização das bicicletas como meio de transporte é recente no País; no entanto, alguns locais ainda têm políticas embrionárias   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Ela é presente em todos os municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista - e entre eles também. Em suas rodas, traz um sinal da necessária integração entre os nove municípios. A bicicleta, assim como outros meios de transporte não poluentes, representa uma necessidade de repensar a mobilidade urbana em vários aspectos. E há muito a ser feito para chegarmos a níveis ideais.


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"A gente sabe que é muito recente esse processo de estímulo à bicicleta. Começou há cerca de 10 anos, enquanto na Europa já havia uma tradição. A partir de 2010, várias cidades começaram a implantar redes cicloviárias bem estruturadas. Santos foi um exemplo de uma cidade que começou muito antes disso e que merece, inclusive, ser destacada por isso. Mas, em nível Brasil, hoje temos ações que estão ainda bastante embrionárias", avalia Marcos de Souza, editor do portal Mobilize Brasil.


Ele foi um dos participantes da live do projeto A Região em Pauta sobre Mobilidade Urbana, realizada na última segunda-feira nas plataformas do Grupo Tribuna no Facebook e YouTube. Mediado pela jornalista Fernanda Lopes, o encontro teve outros especialistas que debateram o assunto. Este caderno amplia a discussão.


Ele reforça que a bicicleta é um modal que oferece inúmeras vantagens. "É um meio de transporte fantástico, que tem um potencial enorme agora, especialmente com as bicicletas mais modernas. E a Baixada tem uma tradição no uso de bicicletas que é impressionante. Você toma uma barca em Santos e vai até o outro lado, em Vicente de Carvalho, parece que você está na Holanda. É um lugar de uso intensivíssimo de bicicletas", reforça.


Para Souza, entretanto, ainda existe uma "falta de carinho" com relação à mobilidade em bicicletas. “Circular de bicicleta em Santos é relativamente fácil. É um grande polo que atrai trabalhadores de todas as regiões. Basta que se defina uma política metropolitana que estabeleça isso como prioridade. Tenho certeza que, em pouquíssimos anos, a Baixada Santista se tornaria uma região exemplar de uso da bicicleta para todo o Brasil”, acrescenta.


Nos planos


Marcio Aurélio Quedinho, diretor técnico da Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista) reconhece o problema da falta de maior integração entre as malhas cicloviárias dos municípios.


“Nós sabemos que ainda faltam ligações entre um e outro município. Há necessidade de investimentos, porque não é barato. Mesmo porque não é só ciclovia, mas há toda uma infraestrutura urbana, e a área do entorno também, tanto para pedestres junto às ciclovias, e também passagens de nível”, afirma.


No entanto, ele garante que essa ampliação está no radar do Poder Público. “A Região possui um plano cicloviário metropolitano desde 2006. Muitas prefeituras já pegaram esse plano e iniciaram o desenvolvimento desse plano. Outros municípios já conseguiram iniciar alguns trabalhos voltados a isso. Há condições até mesmo dos municípios, pegarem recursos do Fundo Metropolitano, para conseguirem realizar ciclovias", argumenta.


Transporte de bicicletas em pauta


Quedinho ressalta que existe a expectativa por iniciativas de suporte à utilização de bicicletas em escala metropolitana.


“Também vislumbramos a integração com o transporte público também com o transporte das bicicletas dentro de alguns transportes, como o VLT. A gente está em conversas com a EMTU para ver essa possibilidade”, pontua.


A iniciativa vai ao encontro à ideia do editor do site Mobilize Brasil. “Seria muito importante que não apenas o VLT, mas que o sistema de ônibus pudesse, de alguma maneira, transportar bicicletas, ou colocassem sistemas de bicicletas compartilhadas nos outros municípios, permitindo que as pessoas pudessem fazer o deslocamento da sua casa até um terminal de ônibus; de lá, pegar um ônibus; descer e pegar uma outra bicicleta para completar o trajeto”, pondera.


Em Fortaleza, por exemplo, a política é estímulo à utilização das bicicletas, mas com fiscalização ostensiva e conscientização também de quem usa esse modal. “A cidade tem incentivado bastante o uso, não somente como prática esportiva, mas principalmente como um meio de deslocamento. São feitas mais de 235 mil viagens por bicicleta diariamente aqui na cidade, que é plana, mas é muito quente. As pessoas dizem que aqui não teria vocação para bicicletas, mas vemos as principais vias com mais de 4 mil ciclistas/dia. Mais de 90% da infraestrutura para ciclistas é de ciclofaixas”, explica Juliana Coelho, superintendente de trânsito da capital do Ceará.


Para ela, o segredo do bom diálogo está na conscientização sobre o papel de cada um nesse ecossistema. “Temos trabalhado nessa conscientização dos motoristas, tanto de ônibus como de veículos individuais, do respeito ao ciclista, mas também com campanhas direcionadas a eles”.


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