Aterro sanitário em Santos corre risco de esgotar nos próximos anos e situação acende alerta

Local recebe, em média, de 1.400 a 1.500 toneladas de resíduos por dia

Por: ATribuna.com.br  -  31/03/24  -  13:01
Sítio das Neves, na Área Continental de Santos, pode esgotar em menos de oito anos
Sítio das Neves, na Área Continental de Santos, pode esgotar em menos de oito anos   Foto: Divulgação

O diretor de Operações da Terracom, Antônio de Mello Neto, afirmou que o espaço físico do aterro sanitário Sítio das Neves, situado na Área Continental de Santos, deve estar esgotado em menos de oito anos. O executivo foi direto ao dizer que, após 2031, não há mais como ampliar o local. Diante disto, a coleta seletiva surge como alternativa, que pode retardar o esgotamento físico da área.


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O aterro, que é licenciado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), recebe, em média, de 1.400 a 1.500 toneladas de resíduos por dia. Esse número não é composto somente por rejeito, ou seja, itens que não têm mais condição de ser reaproveitado, mas também materiais que poderiam ser reutilizados. O problema é que esses materiais, embora leves, ocupam muito espaço, diminuindo a área livre dos locais.


Foi diante disso que o executivo da Terracom afirmou que a segregação de resíduos é fundamental para os aterros, entre os quais está o da região. “A coleta seletiva representa pouco em peso, mas muito em volume. Se você tira 6% de peso, diminui o volume em 20%”, disse Neto.


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O fundador e coordenador da Cooperlínia Ambiental do Brasil, de Paulínia, José Carlos da Silva, concordou com o diretor da Terracom. “Segregar 30% de recicláveis reduz 70% do volume do aterro. A embalagem cheia está lá para o meio, como outras peças que não são necessárias no aterro e estão lá”.


2031

Questionado sobre a possibilidade de expansão do aterro Sítio das Neves, Antônio de Mello Neto afirmou: “O aterro se licencia por células. A atual vai até outubro de 2025. Estamos com projeto de outra, que está em análise. Seria até 2031. É a célula final, porque é o limite da área física. Tudo tem um tamanho”.


  Foto: Divulgação

Para as cooperativas, a conta não fecha

As cooperativas de catadores enfrentam problemas financeiros. O principal deles é a remuneração que recebem pelos materiais triados e, posteriormente, vendidos às empresas recicladoras. Os preços baixos tornam difícil até mesmo a sobrevivência de muitas das organizações do setor.


O fundador e coordenador da Cooperlínia Ambiental do Brasil, José Carlos da Silva, foi taxativo ao citar as dificuldades. Ele, que atua no segmento há mais de duas décadas, confirma: “As cooperativas, hoje, não pagam suas contas, porque o material está há 14 meses com o pior preço de mercado em 20 anos”.


Não bastasse isso, grande parte da operação é onerosa, principalmente por causa do papel e do papelão. Segundo ele, estes materiais chegam a ocupar metade do espaço físico das cooperativas, passam por vários processos para serem comercializados e não são rentáveis.


“Pagamos para segregar o papelão. Nós vendemos a tonelada a R$ 480,00, mas nosso custo médio é de R$ 850,00”, compara.


Silva declarou, ainda, que há itens com preço de mercado melhor. Um exemplo disso é o alumínio. Porém, de acordo com o coordenador da Cooperlínia, as latinhas não vão parar nas mãos dos catadores. “Não chega. É fonte de renda até de magnata, que usa isso para comprar carne para fazer churrasco”.


O coordenador da Câmara Técnica de Meio Ambiente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), Marcos Libório, salientou que, diante dos desafios existentes, a quantidade de trabalhadores está em queda. “Temos um grande desafio, precisamos rever algumas coisas. Apesar do aumento de cooperativas, existe preocupação: está diminuindo o número de cooperados. Que possamos ter medidas que tragam melhores soluções e agreguem”.


Com remuneração praticada pelo mercado sendo considerada baixa, número de cooperados sofre queda
Com remuneração praticada pelo mercado sendo considerada baixa, número de cooperados sofre queda   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Solução?

Ressaltando a importância de se encontrar caminhos para reverter a situação, o gestor público disse que o Senado Federal discute a criação de incentivo financeiro para o segmento. “(Tramita uma) lei que permite o pagamento de serviços ambientais às cooperativas. Isso é fundamental”, considerou.


Libório afirmou, por fim, que o setor privado deveria ajudar. “Precisamos de medidas e responsabilidade, não só das prefeituras, mas também das indústrias, que possam vir coletar e apoiar, dar suporte através de sua logística reversa. Ela deve dar suporte, para que a circularidade aconteça da forma mais virtuosa”, frisou.


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