O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Wilson Pedroso. Consultor eleitoral e analista político com MBA nas áreas de Gestão e Marketing

Por: Wilson Pedroso  -  24/04/24  -  06:30
  Foto: Agência Senado

No último domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.


Ele foi exemplo de homem público e estadista, deixando um legado não apenas das políticas públicas que implantou, mas também da coerência com que conduziu sua trajetória política.


Tive o prazer de conhecê-lo ainda muito jovem. Tinha 15 anos quando telefonei para o diretório do PSDB de São Paulo e ofereci minha casa para ser ponto de entrega de materiais da campanha de Mário Covas para presidente. Daquele dia em diante, nossas vidas se cruzaram muitas vezes e pude acompanhar de perto suas ações.


Covas elegeu-se pela primeira vez em 1962 para o cargo de deputado federal, pelo PST, e em 1965 tornou-se um dos fundadores do MDB, partido que nascia com a corajosa missão de fazer oposição ao regime militar. Em 1968, assumiu a posição de líder da bancada oposicionista na Câmara dos Deputados e pouco depois foi cassado, chegando a ficar preso por 10 dias em um quartel da Aeronáutica, em São Paulo. Nesse período, negou-se a pedir asilo político e deixar o país.


Após recuperar os direitos políticos, Mário Covas foi reeleito deputado federal e, em 1983, tornou-se prefeito de São Paulo com apoio do governador Franco Montoro.


À frente da Prefeitura, imprimiu na administração pública a marca socialista de sua atuação política, com desenvolvimento de amplo trabalho de atenção às periferias, promovendo um grande programa de asfaltamento e mutirões da habitação, além de melhoramentos dos serviços públicos de atendimento à população.


A atuação de Mário Covas na Capital foi reconhecida pelos paulistas e, em 1986, foi eleito senador com 7,7 milhões de votos, resultado que na época significou a maior votação de um candidato a cargo eletivo na história do Brasil.


Na Assembleia Nacional Constituinte, foi líder do partido e exerceu papel importante na defesa dos princípios socialistas em plenário.


Em 1988, Mário Covas compôs o grupo responsável pela fundação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e, poucos meses depois, assumiu a presidência nacional da sigla.


Seis anos mais tarde, foi eleito governador de São Paulo, sendo reeleito no mandato seguinte. Ele modernizou a administração pública, recuperou as contas do estado, demitiu funcionários fantasmas, ampliou as políticas públicas de saneamento básico em todo estado e criou o Poupatempo, serviço que ainda hoje é sinônimo de sucesso e eficiência na gestão pública.


Durante o período em que esteve à frente do Governo de São Paulo, Mário Covas enfrentou diversos problemas de saúde, até que, em 6 de março de 2001, veio a falecer. E esse é um dia que nunca esquecerei. Eu estava na porta do hospital até por volta de 1 hora, juntamente com demais amigos e correligionários do partido, que acompanhavam a internação com atenção.


A notícia do falecimento veio nas primeiras horas da manhã, tomando conta do noticiário de todo o País e provocando enorme comoção pública.


Perder Mário Covas foi um golpe dilacerante. A cicatriz que ficou não nos deixa esquecê-lo. Especialmente no atual momento, em que enfrentamos uma enorme crise política provocada pela polarização raivosa e radical, a liderança equilibrada de Mário Covas faz falta ao país.


Obrigado, Mário Covas, por seu exemplo. Seu legado ainda permanece vivo e atual.


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