Um ano de entulho e de limpeza

Daqui a um ano e uma semana, será o dia das eleições para prefeituras e câmaras de vereadores

Por: Rafael Motta  -  29/09/23  -  06:13
  Foto: Roberto Jayme/TSE

Seis de outubro de 2024. Daqui a um ano e uma semana, será o dia das eleições para prefeituras e câmaras de vereadores. Muitos, provavelmente, não estão nem aí para isso. Mas “eles”, ah, não pensam em outra coisa quando postam qualquer negócio em redes sociais, nos discursos que fazem, nas opiniões que dão sem que lhes seja perguntado. Nada como a próxima eleição, para conquistar um mandato, ser reeleito ou disputar um cargo diferente do que se ocupa.


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As manobras eleitorais e eleitoreiras começam antes mesmo que o pré-candidato tenha sido eleito para o cargo anterior. Para quem afirma que o “se” não existe, isto é, que não adianta conjecturar com base em hipóteses, os políticos — que já podem ser chamados assim logo que oficializam suas candidaturas, mesmo que nunca tenham governado nem sequer a própria vida — fazem promessas para você, para os aliados deles e, até, para os adversários, no estilo “me espere na próxima vez”.


Os políticos tentam cooptar também (quando não, de forma especial) os jornalistas. Diretamente ou por assessores, enviam informações e declarações sobre si mesmos. Também falam nos concorrentes reais ou possíveis. Às vezes, comentam mais a respeito dos oponentes do que de si. Quem não lida jornalisticamente com fatos e bastidores da política não faz ideia da enormidade de irrelevâncias travestidas de grandes feitos sobre as quais se pedem notas para a mídia.


Nesse trabalho de influenciar a cobertura jornalística, pré-candidatos e seus assessores, gurus, marqueteiros e bajuladores potencializam o que consideram positivo para si e negativo para eventuais colegas de urna eletrônica. Um vídeo curto, um texto breve, uma ilustração chamativa contam uma parte da história ou tiram dela seu contexto, privilegiando ou dando exclusividade à própria versão. Se esse impulsionamento vai contra os fatos, eles que se danem. Cai quem quer.


Melhor: cai até quem não quer ou não pensava que pudesse cair. As vítimas são eleitores que se dizem descrentes de tudo, que a política é podre, que políticos não prestam, que eles sujariam a água de um novo dilúvio. Daí, surge um fanfarrão de passado nebuloso com verniz moralista ou um pregador da igualdade social que jamais praticou caridade. Eles, tão assertivos, eloquentes e encantadores, dizem aquilo com que o eleitor concorda. Este se sente igual àquele. É fisgado.


Daqui por diante, quem não acompanha a política deveria adotar a prática. Aqui na região, câmaras municipais transmitem suas sessões — um aviso: vê-las e ouvi-las é uma ode à dor. Seus sites apresentam a pauta de votações e a íntegra dos textos apresentados, tanto com propostas boas quanto com bobagens com as quais vereadores não justificam seu salário acima da média geral.


São, porém, bons parâmetros para saber o que políticos com mandato fazem e o que deixam de fazer; se é isso que você, eleitor, espera deles; se acha que um candidato a vereador ou a prefeito tem de ser assim ou não; se pessoas merecem ou não ser reeleitas. É você quem os paga.


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