Os partidos políticos podem fazer as composições que quiserem para conseguir mais dinheiro e tempo de televisão para a propaganda eleitoral. Nada superará o misterioso pensamento do eleitorado e a incontrolável disseminação, pela internet, de ‘coisas’ — parece um termo mais adequado do que chamar certas postagens de ‘ideias’ ou ‘conteúdo’.
Essas ‘coisas’ mexem com a cabeça de pessoas. Há quase dez anos, a pesquisadora britânica Claire Wardle, dedicada a desenvolver diretrizes éticas para questões como o compartilhamento de informações em meios digitais, tem afirmado que combater a desinformação é como varrer as ruas. Sempre haverá sujeira, e deve ser recolhida, para evitar as consequências que se conhecem.
Desinformação é um termo mais correto do que ‘fake news’ ou ‘notícias falsas’, pois manipuladores podem mentir usando verdades, como requentar assuntos antigos que não têm mais validade ou não eram bem como se comentavam no passado. E, hoje, a desinformação não é mais como folhas de árvores que caem em calçadas, mas um lixo em volume de fazer inveja a empresas coletoras.
Na política, não se desinforma somente no período eleitoral ou nos meses em que as candidaturas ainda não foram oficializadas e temos de chamar os candidatíssimos-cuja-intenção-até-as-pedras-do-cais-conhecem de ‘pré-candidatos’. Esse despejo de poluentes começa antes da posse dos escolhidos na eleição anterior. Não só com mentiras, mas com ‘verdades’ questionáveis.
Então, neste ano de eleição municipal, seja sincero(a) consigo mesmo(a) e reflita se quem governa sua cidade está indo bem. Se merece outro mandato ou, caso não possa se reeleger, se a linha de gestão deve continuar. Se adversários seriam capazes de fazer melhor, e por que você acha isso. Nem tudo que é bom é novo, e nem tudo que é novo é bom. Mas, se o velho não vai bem, avalie.