Inaugurada há mais de 70 anos, a Rodovia Anchieta foi durante décadas a principal responsável pelo fluxo de entrada e saída de automóveis e pelo escoamento de cargas na Baixada Santista, substituindo a Estrada Velha. O Porto de Santos deve a ela muito de seu sucesso. Isso é inquestionável.
Com a construção da Rodovia dos Imigrantes (I e II), ela passou a ser uma alternativa bem interessante para desafogar o tráfego de caminhões ou mesmo como reforço nos momentos de pico, na alta temporada. Hoje, porém, por estar fora dos padrões modernos de construção viária, a Anchieta tornou-se onerosa em função de permanentes reformas e manutenção, além de responsável por inúmeros acidentes – muitos deles fatais.
Com ela fechada grande parte dos dias, a Imigrantes - principal rota de acesso à Capital - vê suas pistas serem ocupadas por uma volumosa frota de caminhões, congestionando o tráfego e muitas vezes colocando em risco a vida de motoristas e passageiros.
Acontece que, no começo desse mês, o Estado de São Paulo e a Ecovias fecharam um acordo de R$ 1,1 bilhão para a prorrogação da concessão até 2033 e, entre os itens de contrapartida, pouco foi previsto para a Anchieta: uma segunda fase na entrada de Santos, novo acesso à Bandeirantes e um viaduto para ligar a Zona Noroeste a Rodovia. Como reformas de segurança e melhoria na mobilidade, nada de concreto.
A pergunta que fica é: com o aumento inevitável da frota e a retomada da economia, o que faremos para aliviar esse tráfego? Não seria racional que levássemos a sério uma transformação dessa via para que ela deixasse de ser ocasional e sinônimo de problema e passasse a ser uma opção real de subida – ou descida da Serra? É fácil perceber que hoje ela é apenas uma máquina de moer dinheiro e gerar reclamações, tanto de caminhoneiros como de motoristas de carros de passeio, que sofrem duplamente: com a falta de qualidade e o preço do pedágio muito além do que deveria.