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Notícia sobre a criação do cartão azul para punir temporariamente jogadores nas partidas teve grande repercussão

Por: Marcio Calves  -  11/02/24  -  07:19
  Foto: Reprodução

A notícia de que a Fifa poderá estudar a criação do cartão azul para punir temporariamente jogadores durante as partidas teve grande repercussão. Reações negativas e positivas, a ponto de a entidade de pronto tentar desmentir que esteja analisando tal proposta.


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Segundo reportagem do jornal inglês The Telegraph, o cartão azul viria para punir, com eliminação por 10 minutos, jogadores que pratiquem atitudes antidesportivas ou lances violentos. A ideia é coibir a “cera” deliberada, que visa sempre retardar o jogo; as reclamações exacerbadas e outras práticas que apenas irritam torcedores e jogadores.


Pela credibilidade do jornal inglês, é impossível que a noticia tenha sido inventada. Com certeza, tem origem oficial, a questão é que deveria ser um segredo guardado a sete chaves e, de repente, vazou, como sempre ocorre no futebol.


Surpreendentemente, treinadores como Carlo Ancelotti, do Real Madrid, e Jürgen Klopp, do Liverpool, condenaram com veemência a ideia. O técnico inglês fez uma crítica contundente à Fifa, destacando: “Não me parece uma ideia fantástica, de imediato. Mas a verdade é que não consigo me lembrar que essas pessoas tiveram uma ideia fantástica. Se é que alguma vez tiveram uma”.


Klopp e Ancelotti têm autoridade para críticas, temendo principalmente injustiças na aplicação do cartão azul, que tiraria o jogador de campo por 10 minutos. Segundo o treinador alemão, um erro pode ser extremamente prejudicial, interferindo diretamente no resultado do jogo. Afinal, a ausência temporária representará uma grande vantagem para o adversário durante um determinado período.


Em tese, isso procede, mas muitas são as vezes que um time tem um jogador expulso, atua por longo tempo com apenas 10 e assim mesmo vence a partida. Argumento à parte, impõe-se uma ação da Fifa para resolver muitas ações em campo que literalmente revoltam o torcedor.


A regra já existe em outros esportes e mostrou ser no mínimo interessante. É norma no futsal e no handebol, por exemplo, tornando os jogos muito mais dinâmicos e emocionantes. Muitas vezes nem interferem no placar. A medida inibe a violência e o antijogo, fatores muito comuns no futebol.


No basquete também existe uma “medida protetiva” ao jogo e atletas, punindo com a eliminação sumária o jogador que atingir o limite de cinco faltas. A verdade é que o futebol precisa evoluir, se modernizar, atender as expectativas do torcedor e a evolução dos tempos.


A imagem que se tem da Internacional Board (IFAB), responsável pela curadoria das regras do jogo, é de um “bando de velhinhos” conservadores que sempre hesitam em promover qualquer alteração no esporte. Verdadeira ou não a impressão, não custa pelo menos testar a ideia em campo.


Segundo consta, a Football Association, entidade responsável pelo futebol inglês, se apresentou como voluntária para testar a ideia na FA Cup, tanto no feminino como no masculino. Essa competição é semelhante à Copa do Brasil, de caráter eliminatório. Com certeza, o teste prático é a melhor solução, possibilitará a avaliação concreta de resultados. Se o quadro for negativo, descarta-se e ponto final.


Em 1970, quando a Fifa introduziu os cartões amarelo e vermelho nas copas do mundo, as reações também foram muitas. Ainda que a medida tenha visado principalmente facilitar a comunicação entre árbitros e jogadores, o resultado foi extremamente positivo, notadamente no combate à violência.


Há muitos anos, o então presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, propôs e implantou experimentalmente a utilização de dois árbitros em campo, com atuação delimitada. O objetivo foi ampliar a margem de acerto das decisões, evitando erros muitas vezes causados pela distância entre o lance e o juiz. Infelizmente, não vingou e as polêmicas continuaram ocorrendo. No basquete americano, a consagrada NBA, apesar da dimensão da quadra, as partidas têm três árbitros, um principal e dois auxiliares, cada um responsável por uma zona.


É verdade que recentemente a Fifa admitiu e oficializou o uso do VAR, o chamado árbitro de vídeo. Inegavelmente, foi uma grande evolução, evitando erros grosseiros e solucionando dúvidas importantes. A decisão final, contudo, continuou sob responsabilidade exclusiva do árbitro de campo.


Quem trabalha no meio ou pelo menos acompanha o noticiário tem consciência de que na grade maioria das vezes ninguém inventa noticia ou informação, principalmente se partiu de um veículo de credibilidade comprovada, Assim, é bem provável que a Fifa em breve admita a possibilidade de testar a implantação do cartão azul, cumprindo a premissa básica de sua existência, que é gerir o futebol buscando sempre o melhor.


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