Longe do Mundo

Sem dúvida, o futebol mundial vive na Europa uma prévia da Copa do Mundo do Catar, que ocorrerá nos meses de novembro e dezembro. Desde o dia 1o de junho, 55 seleções europeias disputam a Liga das Nações, competição criada em 2018 utilizando quase que totalmente as datas Fifa destinadas justamente para amistosos.

Basicamente, conta com quatro divisões, A, B, C e D, divididas inicialmente com base no ranking da Uefa. A atual, 2022/2023, leva em conta o desempenho das seleções nas competições anteriores. Na edição 20/21, a França foi a campeã, confirmando seu elevado nível técnico atual.

Na atual Liga A, a principal da competição, estão 16 seleções, quase todas classificadas para a Copa do Mundo. Entre elas, França, Espanha, Inglaterra, Espanha, Portugal, Croácia, Bélgica e Holanda. Elas formam quatro grupos de quatro equipes, classificando os primeiros colocados para a disputa de semifinal e final.

Para os europeus, apesar do clima de final de temporada, período de declínio físico dos jogadores, trata-se de uma grande oportunidade para observações internas e externas. Com certeza, é possível constatar o nível técnico de eventuais adversários na Copa do final do ano. Apesar de a competição ainda estar na primeira semana, algumas seleções chamam a atenção.

Uma delas é a Holanda, que goleou a temida Bélgica de Kevin De Bruyne por 4 a 1, com um futebol ofensivo, extremamente coletivo e com grandes destaques individuais. Outra foi a vitória da Dinamarca sobre a França, por 2 a 1. Para ontem, estavam previstas partidas como Inglaterra e Hungria e Alemanha e Itália, esta última surpreendentemente fora da Copa do Mundo de 2022.

Enquanto isso, o Brasil está na Ásia disputando amistosos contra Coreia do Sul e Japão, equipes do chamado segundo escalão do futebol mundial. Ainda que ambas estejam classificadas para o Catar, não servem de teste para o time brasileiro. A vitória sobre os coreanos por 5 a 1, bastante comemorada, pouco acrescentou e, na prática, deve ser considerada apenas mais um amistoso. O ideal seria, é óbvio, jogos contra equipes europeias, para efetivamente testar a seleção brasileira. No momento é impossível, pela própria Liga das Nações, mas há muito que o Brasil se limita a confrontos no Cone Sul ou contra adversários sem nenhuma expressão mundial.

Em recente entrevista, que causou grande polêmica, o craque Kylian Mbappé disse que o nível técnico do futebol sul-americano é bem inferior ao europeu. Verdade absoluta, à exceção de Brasil e Argentina os demais estão abaixo do patamar mundial. Com boa vontade, talvez se possa incluir apenas o Uruguai, pela tradição e por alguns destaques individuais. Neymar rebateu o atacante francês, seu colega de PSG, mas sua argumentação não convenceu.

No mínimo, espera-se que o técnico Tite tenha montado um grande sistema de observação dos jogos para evitar surpresas na Copa. A história registra derrotas por pura falta de informação do poderio dos adversários. A última foi contra a Bélgica, por 2 a 1, em 2018, nas quartas-de-final.

Na Ásia, mais uma vez Tite cometeu um grave deslize, inexplicável. Corretamente, convocou Danilo, do Palmeiras, que vive grande fase. No mínimo, esperava-se que fosse escalado de pronto, até em razão de Casemiro ter chegado praticamente na véspera em razão da final da Liga dos Campeões da Europa.

Danilo, porém, nem no banco ficou, numa decisão absurda. Parece até provocação, para contrariar a lógica e o bom senso.

Em síntese, Tite e o Brasil, pelo menos no momento, estão longe do mundo do futebol.