O prazer sexual da mulher

Nos consultórios de terapia sexual, a queixa mais frequente é a dificuldade da mulher em ter orgasmo

Por: Marcia Atik  -  07/02/22  -  13:35
90% dos distúrbios sexuais são de origens psicológicas
90% dos distúrbios sexuais são de origens psicológicas   Foto: Pixabay

Vários estudos na área do prazer sexual feminino indicam que, em média, uma em cada cinco mulheres relatam dificuldade em ter orgasmo. Mas hoje sabemos que, sem dúvida, 90% dos distúrbios sexuais femininos têm origem psicológica, reforçada por valores sociais ou culturais.


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Vergonha de tocar o próprio corpo, se apropriar dele reconhecendo suas zonas erógenas - que diga-se de passagem não são as mesmas para todas as mulheres -, falta de diálogo e espaço para tirar dúvidas, que deveria ser natural mas é muito emblemático, intimidade com a parceria entre outras questões ocorrem na sua maioria fora do reduto da cama ou do quarto.


Nesse sentido, recebi um e-mail muito sério a respeito do tema de uma leitora que gostaria de dividir com vocês.


Por que às vezes precisa baixar uma “entidade”, incorporar a “pomba gira” para a vontade de transar aparecer e acompanhar o marido?


Essa pergunta me enseja a falar de algo ainda muito complicado e difícil de viver naturalmente, estou falando do direito que a mulher tem de exercer sua sexualidade com liberdade e segurança.


Qualquer pessoa pode estar se dizendo que isso é papo furado, pois desde os anos 60 as mulheres estão totalmente liberadas. Isso é verdade na teoria, e não necessariamente na prática.


Ainda hoje as mulheres têm a ideia de que o único beneficiário de uma vida sexual prazerosa é o homem e a nossa cultura reforça isso, mesmo quando se acredita ter direito, a mulher não sabe entrar em contato com seu desejo e colocá-lo em prática.


Ainda hoje as meninas são criadas e educadas tendo como parâmetro um homem para quem tudo é permitido e que a elas só resta aceitar a submissão. Essa é a verdade que está no inconsciente feminino, impedindo que as mulheres usufruam também de seu corpo e de seu parceiro com carinho e cumplicidade achando que estão apenas cumprindo um dever.


Perceber que seu corpo reage aos estímulos sexuais e permitir-se viver isso com foco no seu prazer e não em obrigações ou papéis definidos, ajuda que as mulheres entrem em contato com o mais íntimo de seu ser e reconhecendo o seu direito e potencial sexual sejam donas de sua trajetória usufruindo de sua sexualidade com alegria ,prazer e encontro com a pessoa por quem tem afeto e ou desejo .


Serviço de utilidade pública


O Projeto Afrodite, que faz parte do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem o intuito de orientar mulheres sobre a sua sexualidade em todos os sentidos, do reconhecimento do próprio corpo a como obter prazer nas relações sexuais. Ali, as interessadas podem assistir palestras com especialistas da área (psicólogos, médicos e fisioterapeutas), além de aprender métodos de relaxamento e exercícios para fortalecer o períneo, por exemplo.


Pacientes com distúrbios sexuais, como vaginismo e perda de libido, também podem encontrar ajuda com os especialistas do Projeto, que vão orientá-las sobre o tratamento a ser seguido. As atividades e intervenções são realizadas no Ambulatório de Sexualidade da Unifesp, que fica na Rua Embaú, 66, na Vila Clementino, em São Paulo.Mais informações pelo telefone: (11) 5576-4848, ramal: 17084


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