Recém-divulgada, a pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’, organizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) desde 2007, indica como andam os hábitos de leitura no país. A julgar pelos resultados obtidos nesta última edição, não estamos fazendo a lição de casa.
Com dados obtidos a partir de mais 8 mil entrevistas, o levantamento mostrou que o número de leitores em nosso território vem caindo: de 56% do total ouvido em 2015, passamos para 52% em 2019.
Se por um lado podemos comemorar o fato de que o público de leitores ainda é maioria, por outro o perfil dos ‘não leitores’ aponta uma preocupante situação: dos 48% que declararam não ler livros em hipótese alguma, 40% revelaram que não o fazem porque têm dificuldades de compreensão.
É um dado alarmante. Mais do que indicar que a pessoa não teve o incentivo necessário para desenvolver o gosto pelos livros, evidencia que o país está falhando na formação educacional dos alunos. Mais especificamente, em sua base.
Há um outro fator complicador – os contrastes sociais existentes aqui. Algo que, por sinal, a pandemia deixou muito claro. Um documento publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em parceria com a Todos pela Educação e Itaú Social, é categórico ao apontar que o Brasil terá sérias dificuldades de avançar se não colocar luz na desigualdade da educação.
Como educador, sonho com um cenário melhor. Mas isso não acontece da noite para o dia. Como já defendi em outras oportunidades, precisamos reavaliar prioridades no ensino público, investir mais na educação básica, valorizar os professores e profissionalizar a gestão escolar. São alguns passos que, se tomados o quanto antes, podem no futuro render resultados que – todos nós – gostaremos de ler nos jornais.