"Uma comunidade linguística é um grupo de pessoas que age por meio do discurso”, ensina, de forma resumida, o prestigiado linguista Louis-Jean Calvet, professor na Universidade Paris V. Tendo em vista que um único sistema linguístico pode se fazer presente em espaços geográficos tão distintos quanto Europa, América e África, cabe-nos preservar os laços pelos quais somos unidos: o idioma. E agir.
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) já possuía, na atual legislatura, frentes parlamentares de união Brasil-China e Brasil-Israel. Faltava um grupo dedicado aos países que, como nós, no Brasil, também têm o português como língua-mãe. A lacuna foi preenchida: começou a funcionar, nesta semana, a Frente Parlamentar de Cooperação Cultural e Política dos Países de Língua Portuguesa.
A língua é, em certo sentido, a principal particularidade identitária de um povo. A aproximação entre as pessoas que se comunicam da mesma forma é, assim, estreitar vínculos, estabelecer conexões e, mais que tudo, promover a identificação mútua.
O português é falado por 273 milhões de pessoas no planeta – é a quinta maior língua nativa. Seus falantes se espalham por Angola, Brasil, Cabo Verde, Timor-Leste, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e, ainda, Macau. Isso demonstra sua relevância.
Sou um dos 33 integrantes da nova frente parlamentar, que, em seu escopo, tem como objetivo aprimorar as relações políticas e culturais no âmbito da educação, saúde e economia, entre outros temas, com esses países. Esperamos que os trabalhos sejam produtivos e resultem numa efetiva troca de experiência e conhecimentos entre as nações-irmãs.
Com os avanços tecnológicos e científicos, cada vez mais a expressão ‘ninguém é um ilha’ faz sentido. Em uma realidade altamente globalizada, a oportunidade de compartilhar um vínculo tão importante – o idioma – faz com que a aproximação entre os países de língua portuguesa não seja apenas natural, mas inevitável.