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Quando a Copa América tiver início é muito provável que o Brasil já tenha atingido 500 mil mortos pelo novo coronavírus

Por: Kenny Mendes  -  11/06/21  -  09:23
Atualizado em 11/06/21 - 09:38
 Maracanã é um dos palcos da Copa América 2021
Maracanã é um dos palcos da Copa América 2021   Foto: Divulgação

Quando a Copa América de Futebol tiver início, no próximo dia 13, é muito provável que o Brasil já tenha atingido a marca de 500 mil mortos pelo novo coronavírus. Definitivamente, não há o que se comemorar.


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Nada contra o torneio – muito pelo contrário, o enxergo como uma celebração esportiva dos povos sul-americanos. O problema está aí: não é a hora de se celebrar. O país aceitar receber um evento de tamanhas proporções em meio à chegada da terceira onda da doença não me parece razoável.


Antes que me digam que estou sendo seletivo, me antecipo. Assim como me oponho à realização da Copa América, também considero inadequada a continuidade do Campeonato Brasileiro, da Copa Libertadores, da Copa do Brasil e outros. Assistir a uma boa disputa de futebol é um prazer, mas está longe de ser considerado uma atividade essencial.


O perigo está, literalmente, no ar. À parte os 620 integrantes das seleções participantes, os mais de 2 mil jornalistas inscritos para fazer sua cobertura, há a possibilidade de turistas desses países virem para o território brasileiro – mesmo com os jogos fechados. E, com os bares e restaurantes transmitindo as partidas, alguém acha mesmo que não haverá possibilidade de aglomerações? Boa parte dos patrocinadores do torneio já avisou que não ligará suas marcas à competição.


Atividade essencial, nesse momento, é o trabalhador ter a oportunidade de conseguir manter o alimento de sua família ao final do dia. É o desempregado ter o mínimo de garantias para não morrer de fome enquanto aguarda o retorno ao mercado. É o paciente que espera um leito de UTI obter condições para não entrar para as tristes estatísticas diárias de mortes causadas pelo vírus no Brasil. Atividade essencial, nesse momento, não é correr atrás de uma bola...


A festa do futebol pode esperar.


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