A política fora do ringue

Desavenças de caráter partidário parecem estar enraizadas na política nacional

Por: Kenny Mendes  -  18/03/22  -  06:26
  Foto: Divulgação

A pandemia da Covid-19 evidenciou o quanto um vírus pode ser contagioso. Independentemente de suas mutações e variantes, se propaga e infecta causando danos em níveis diversos. Fazendo um paralelo com a situação epidemiológica, a cada dois anos no Brasil enfrentamos um outro tipo de surto: a contaminação da discussão acerca dos projetos públicos pela disputa eleitoral e/ou ideológica.


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É lamentável, mas tais desavenças de caráter partidário parecem estar enraizadas na política nacional – principalmente no que se refere aos períodos de eleições para cargos executivos, como presidente da República, governador ou prefeito. Afinal, como ensina o dito popular, quem tem a caneta é que manda. Mas quantas vezes já não assistimos um governante abandonar um projeto em execução pelo simples fato deste ter se iniciado em uma gestão anterior ou de um adversário?


Nós, da Baixada Santista, estamos verificando esse tipo de disputa de novo em tempo real – e sobre um tema que há décadas consta da pauta regional. Falo da ligação seca entre Santos e Guarujá.


De um lado há a promessa federal de que a iminente desestatização do Porto de Santos, até o final do ano, contemple a construção de um túnel submerso entre as duas margens, com recursos da iniciativa privada. Por outro, existe a garantia de que a implantação de uma ponte entre as cidades está viabilizada por meio de parceria estadual com a Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).


Ora, se o principal problema para qualquer administração pública está resolvido – de onde virão os recursos –, por que não apostar na execução de ambos os equipamentos? Um (ponte) desafogaria a movimentação de caminhões que chega ao porto, a partir da Alemoa (Santos); o outro (túnel) se tornaria uma opção rápida para o trânsito de veículos leves, a partir da Avenida Perimetral, em Santos, enquanto opção para a balsa. Eles são complementares.


Este é só um dos muitos exemplos de quando boas ideias correm o risco de sucumbir a conflitos de interesses pessoais. Esperamos que não seja o caso.


Sim, estamos em ano de eleições gerais. Não há mais espaço para que embates, rixas ou picuinhas partidárias tendo em vista a busca por votos atrapalhem o desenvolvimento econômico. A política pode e deve ser mais. Que eleitores e candidatos tenham consciência disso.


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