Corrupção mata!

Esse tipo de crime sempre foi exatamente objeto de investigação e atuação da Operação Lava-Jato

Por: Júnior Bozzella  -  21/02/22  -  06:41
/
/   Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Na última semana uma tragédia consternou o país. As cenas das fortes chuvas que varreram a cidade de Petrópolis e fizeram mais de 150 vítimas fatais, além de centenas de desabrigados, dificilmente sairão da memória dos brasileiros.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Apesar dos números recordes de vítimas e da violência com que as águas varreram as ruas da cidade, não é a primeira vez que vemos desastres naturais como esse castigarem a população dos municípios, especialmente em comunidades mais carentes. Por se tratarem de desastres naturais os fenômenos não podem ser evitados, mas as tragédias em decorrência deles podem sim ser prevenidas com a devida atenção do poder público e investimentos na prevenção e combate às enchentes.


Nesse sentido, temos buscado atuar de forma efetiva para auxiliar os prefeitos de todo o Estado de São Paulo a garantir os recursos para viabilizarem as obras de infraestrutura necessárias para impedir tragédias e salvar vidas. Nos primeiros meses de 2020 assistimos as chuvas devastarem diversas cidades da Baixada Santista e interior paulista, como por exemplo o município de São Carlos. O nosso papel enquanto parlamentar é estar em cima do problema, encontrando caminhos não só para ajudar as vítimas, mas principalmente para evitar que novas tragédias se repitam.


No caso de São Carlos, no instante em que recebi a ligação do prefeito Ayrton, entrei em contato com o governador João Doria, que de imediato, recebeu a mim e ao prefeito de São Carlos no Palácio dos Bandeirantes e, a nosso pedido, viabilizou R$ 11 milhões para São Carlos realizar obras para previnir e conter novas enchentes. Os recursos estão sendo utilizados na abertura da passagem da água embaixo da linha de trem na região da Rotatória do Cristo (R$ 10 milhões); canalização do córrego Mineirinho (R$ 1 milhão) e construção do muro de arrimo na Avenida Comendador Alfredo Maffei (R$ 300 mil). Infelizmente, nem todos os políticos agem com correção e responsabilidade e, em vez de trabalharem para tirar obras que poderiam salvar vidas do papel, se aproveitam de tragédias para saquear os cofres públicos às custas da vida do povo.


Corrupção mata, e digo isso no sentido literal da questão. De acordo com informações do Ministério Público Federal, a Secretaria Estadual de Obras do RJ viveu anos subjugada por uma organização criminosa especializada em fraudar licitações, superfaturar material de construções e desviar dinheiro público. No total, o desvio chegou a mais de R$ 4 bilhões em recursos que deveriam ter sido usados para melhorar a infraestrutura do estado – inclusas aí as obras para encostas na Região Serrana. Segundo o MP, além dos 5% que as empreiteiras pagavam ao ex-governador Sérgio Cabral, havia um pagamento a mais, de 1%, exclusivo para a secretaria.


Esse tipo de crime sempre foi exatamente objeto de investigação e atuação da Operação Lava-Jata, extinta pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro, sob o argumento insano e mentiroso de que no governo dele não há corrupção. Cada um dos envolvidos no esquema de desvio de recursos da Secretaria de Obras do Rio de Janeiro tem as mãos sujas de sangue. Por isso defendo que corrupção seja enquadrada como crime hediondo, porque há muito mais envolvido nos esquemas de corrupção do que desvio de dinheiro nas mais variadas áreas, e isso vai desde a falta de merenda nas escolas até a própria vida de pacientes sem leitos na Saúde ou soterrados em enchentes que poderiam ser evitadas. Não dá para apenas assistir calado, compactuar com a corrupção e o crime organizado é ser conivente!


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter