A tempestade perfeita

A indefinição de um nome único para a terceira via tem favorecido a polarização da candidatura de Lula e Bolsonaro

Por: Júnior Bozzella  -  18/04/22  -  14:16
 O petista tem 40% das intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022, seguido por Bolsonaro, com 35%
O petista tem 40% das intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022, seguido por Bolsonaro, com 35%   Foto: Agência Brasil/Divulgação

A indefinição de um nome único e consensual para representar a terceira via tem favorecido, sobremaneira, a polarização da candidatura de dois nomes: Lula e Jair Bolsonaro.


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Os números das últimas pesquisas acenderam um alerta e mostraram Bolsonaro ganhando eleitores com a especulação sobre a saída do nome de Moro da disputa presidencial. Contudo, não é só ele que se favorece com esta indefinição. Um grupo que teve participação significativa como fiel da Balança em favor de Bolsonaro nas eleições de 2018 são os evangélicos e, segundo novas pesquisas, estão cada vez mais migrando os seus votos para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa dos valores conservadores em 2018 atraiu maciçamente a igreja evangélica, que transformou os púlpitos em verdadeiros palanques bolsonaristas. Contudo, a última pesquisa Estadão Dados mostra que o cenário parece estar virando.


A insatisfação dos evangélicos com as políticas sociais do governo Bolsonaro e, principalmente, com as promessas não cumpridas, tem feito com que os evangélicos busquem representatividade junto a redutos petistas. Os evangélicos são grupos que, como tantos outros, foram traídos pelo Jair Bolsonaro e hoje procuram por uma figura que defenda os seus interesses e bandeiras. Nesse sentido, a definição de uma terceira via mais alinhada à direita e à defesa da família iria ao encontro do anseio deste grupo. É mais um núcleo que carece de uma opção longe dos extremos e que vai sendo empurrado para um dos lados do sistema pela falta de uma opção longe da polarização Lula versus Bolsonaro.


Segundo os números da última rodada XP/Ipespe Lula ganhou apoiadores neste que tradicionalmente costuma ser o bolsão bolsonarista mais fiel do país. Conforme a pesquisa, Lula teria diminuído a vantagem de Jair Bolsonaro em nove pontos percentuais entre o eleitorado evangélico desde janeiro, em uma diferença que caiu de 16 para sete pontos percentuais. É um dado significativo que revela uma tendência importante: Bolsonaro já não é unanimidade entre os evangélicos, segmento onde em 2018 conseguiu garantir 70% da preferência do grupo. Negligenciados pelo governo de Bolsonaro, os evangélicos vão sendo empurrados para os braços de Lula pela falta de opção de um nome que os represente.


Outra projeção feita pelo Estadão Dados com base em pesquisas eleitorais e resultados de votações indica que Lula lidera em 15 das 27 unidades da Federação, enquanto o atual presidente está à frente em oito. Em quatro Estados, a distância entre os dois é pequena e não permite apontar favoritismo. No Norte e Nordeste não vemos mudanças, com o PT liderando as intenções de votos. Na região, apesar de um cenário mais equilibrado, ainda vemos Bolsonaro na frente na maioria dos estados. Contudo a grande surpresa está no Sudeste, onde se encontra São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, que pode aparecer de forma decisiva nas eleições deste ano. O PT não vence uma eleição presidencial em São Paulo desde 2002. Neste momento, segundo os cálculos, não é possível apontar quem lidera entre os paulistas, mas o simples fato de Lula se apresentar como competitivo é sinal significativo de que os ventos começam a soprar em outra direção.


Já Minas Gerais, que tem o segundo maior eleitorado do País, se inclina pelo candidato petista neste momento, assim como o Espírito Santo. No Rio de Janeiro, terceiro no ranking do peso eleitoral, não é possível apontar com segurança quem está na ponta. Para se ter uma ideia do peso do Sudeste no mapa eleitoral, a região concentra praticamente o mesmo número de eleitores que Nordeste, Norte e Centro-Oeste juntos, acumulando cerca de 43% dos votantes.


Nós, no União Brasil, temos observado este cenário com cautela. O partido até o momento não descartou a candidatura do Moro a cargo algum. O entendimento é que Sérgio Moro segue sendo um dos poucos nomes do partido com maior capilaridade e condições reais de garantir a presença da terceira via no segundo turno. O União Brasil, na figura de suas principais lideranças, onde inclui-se o presidente Luciano Bivar, por diversas vezes já disse que trabalha para ser protagonista na disputa presidencial. Moro, por sua vez, é uma peça chave no cenário eleitoral que está à disposição do partido para protagonizar qualquer papel em qualquer cenário. Daqui até a convenção temos um deserto a ser atravessado, até lá, dizer que o Moro está fora da disputa presidencial é pura especulação daqueles que temem a peso do nome dele.


Não é de hoje que estamos trabalhando pela união dessa dupla: honestidade e experiência. A possibilidade da união dos nomes do Moro e do Bivar é a convergência das forças do bem. Diante do cenário que temos hoje, Moro e Bivar parecem, sem dúvida alguma, a melhor opção para o Brasil.


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