Julinho Bittencourt: A maior noite do pop de todos os tempos

É impossível quem não conheça We Are the World, canção de 1985 com a maior constelação de astros da música americana

Por: Julinho Bittencourt  -  07/02/24  -  06:24
  Foto: Divulgação

É impossível que um ser humano que habite o planeta Terra não tenha visto o clipe ou ouvido, ao menos uma vez, a canção We Are the World, feita em 1985 pela maior constelação de astros da música americana jamais reunida.


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A canção, composta por Lionel Richie e Michael Jackson, se tornou rapidamente um dos maiores sucessos do mundo da música de todos os tempos. Faturou milhões e milhões de dólares e toda a sua renda foi revertida para combater a fome na África. Nenhum dos participantes, desde os artistas, técnicos, músicos e até mesmo os cinegrafistas ganharam um tostão.


O projeto, batizado de USA for Africa, foi inspirado em outro comandado pelo cantor Bob Geldof e estrelado por artistas europeus para o Natal do ano anterior, chamado Band Aid, que culminou com a gravação da canção Do They Know It’s Christmas?, de Geldof e Midge Ure.


Quem vê o clipe ou ouve We are the World, no entanto, não tem a menor ideia do trabalhão que aquilo deu. Desde a logística para reunir toda aquela gente no mesmo estúdio, até a própria feitura em si.


E é exatamente para contar toda a história que acaba de ser lançado na plataforma Netflix o documentário The Greatest Night in Pop, dirigido por Bao Nguyen. Como em um passe de mágica, imagens de arquivo e relatos descrevem o passo a passo, desde a ideia do cantor Harry Belafonte, até seu lançamento em transmissão mundial via satélite, que atingiu um bilhão de pessoas, segundo estimativas da época.


Todos na mesma noite
O primeiro e maior desafio do produtor Ken Kragen era conseguir reunir todo mundo na mesma noite. Para tal, ocorreu um golpe de sorte. Na noite de 28 de janeiro de 1985 ocorreria em Hollywood o American Music Awards, o Prêmio da Música Americana. A maioria deles estaria na cidade em uma mesma noite.


E tudo teria que acontecer naquela noite, as gravações da canção e do clipe. E assim foi feito. A quem não é familiarizado com gravações, é bom lembrar que disco algum, já há várias décadas, é feito em apenas uma sessão de estúdio. Muito menos um que reúna, entre outros, Michael Jackson, Lionel Ritchie, Bob Dylan, Ray Charles, Stevie Wonder, Cindy Lauper, Diana Ross, Paul Simon, Bruce Springsteen, Harry Belafonte, Kenny Rogers, Tina Turner, Billy Joel, Dionne Warwick, Willie Nelson, entre outros tantos. Todos eles regidos pelo megaprodutor Quincy Jones.


O que ocorre daí em diante, dentro do estúdio, é pura magia e um deleite para fãs. A maneira como foram gravadas as vozes, desde o coral do refrão até as partes individuais, revelam os talentos e fraquezas de cada um. A cena antológica de Stevie Wonder imitando a voz de Bob Dylan para mostrar como ele deveria cantar sua parte, o empenho de Michael Jackson em gravar seus solos, a liderança de Lionel Ritchie com os cantores, os papelões de Madonna e Prince que não apareceram, enfim, está tudo ali.


O documentário chega a mostrar as pausas para lanches no decorrer da madrugada (a gravação acabou na manhã seguinte, às 8 horas), a bebedeira do cantor Al Jarreau, conversas aleatórias etc. Uma das cenas mais emocionantes é quando todos resolvem homenagear Harry Belafonte, o autor da ideia, e cantam em coro seu sucesso Banana Boat (Day-O).


Ao final, uma das cantoras é flagrada chorando. Perguntada sobre o que teria ocorrido, ela diz: “não queria que tivesse acabado”, traduzindo exatamente o sentimento do espectador.


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