José Paulo de Andrade

A voz de José Paulo de Andrade se calou no dia 17 de julho de 2020, deixando milhões de ouvintes órfãos

Por: Eduardo Silva  -  17/07/20  -  18:49

Meus amigos. De repente, o rádio ficou mudo. A voz de José Paulo de Andrade se calou no dia 17 de julho de 2020. Agora somos milhões de ouvintes órfãos. São famílias inteiras que aprenderam ouvir o rádio no Pulo do Gato, da Rádio Bandeirantes de São Paulo.


O estilo contundente, cheio de personalidade representava os ouvintes. O Pulo do Gato é o mais antigo programa jornalístico do rádio brasileiro. E foi esse programa que mudou a vida do Zé Paulo. Antes dele, fez história no jornalismo esportivo. Foi rádio-escuta, plantão esportivo e narrador. Sonhava trabalhar com Pedro Luiz, um dos mais completos locutores de todos os tempos.


Confessou que tremeu quando assinou contrato com o ídolo, mas só trabalharam juntos por 6 meses, porque Pedro saiu do Escrete do Rádio, da Bandeirantes para formar outra equipe histórica, a 1.040 da Rádio Tupi.


Zé ficou na Bandeirantes e trabalhou em muitos momentos marcantes, como no milésimo gol de Pelé no Maracanã, onde atuou como repórter. Depois de 14 anos no esporte, Zé foi apresentador, comentarista, diretor de jornalismo, comandou telejornais e debates na TV, mas era no rádio que ele brilhava. E como brilhava.


Combativo e polêmico. Cobrava governadores, prefeitos, deputados e vereadores.  Todos com bons argumentos. Todos com firmeza. Um jeito tão natural e competente de fazer rádio, que para os ouvintes se tornou um irmão mais velho, o conselheiro da família, um amigo próximo, daqueles que a gente gosta de ouvir antes de formar uma opinião ou tomar uma decisão.


A partida de José Paulo de Andrade deixa um vazio enorme no coração dos ouvintes. Quantos de nós crescemos ouvindo o Zé Paulo. Admirando, respeitando, discordando e até criticando suas opiniões. Mas era o nosso companheiro de todos os dias. Quantos amigos que sabem da minha paixão pelo rádio me ligaram ou escreveram para falar do Zé. Assim mesmo.


Da forma mais simples e próxima de falar de um amigo. E só o rádio é capaz de aproximar as pessoas dessa forma tão carinhosa. Sou mais um ouvinte que vai sentir saudade todos os dias. Assim como ficaram órfãos outros colegas que tiveram a sorte de trabalhar com o Zé e fizeram questão de ressaltar a generosidade do mais famoso âncora do rádio-jornalismo brasileiro.


Foi ele que abriu as portas para muitas gerações de jornalistas que tiveram a sorte de encontrar o Zé pelo caminho. Obrigado, Zé.


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