Urgência com resultados

Com a vacinação mais adiantada no mundo, Israel é o primeiro país a dar sinais dos efeitos benéficos da imunização

Por: Da Redação  -  28/01/21  -  09:34

Responsável pela vacinação mais adiantada no mundo, com 45% da população imunizada com pelo menos uma dose, Israel é o primeiro país a dar sinais dos efeitos benéficos da vacina. Por lá, a internação de idosos já caiu 60%. Além disso, dos israelenses vacinados até o momento, apenas 0,01% foi infectado pelo novo coronavírus. Esse percentual equivale a 900 pessoas se todos os 9 milhões de habitantes tivessem recebido suas doses. Como a cada dia aumenta a cobertura vacinal, essa contaminação passará a ser estancada. As boas notícias que chegam de Israel ainda dependem de mais investigação para garantir o alívio total e de que a pandemia finalmente será derrotada, mas provam que organização, responsabilidade e respeito à ciência dão resultado.


Israel é um país pequeno e com uma população inferior à da cidade de São Paulo, mas seu acerto não pode ser associado apenas às facilidades de organização e logística (não tem dimensões continentais como o Brasil). O país tem profundos laços religiosos e muitos conflitos resultantes daí, porém, não abriu mão da ciência e investiu para proteger sua população. Por outro lado, a briga política acentuada entre os partidos também não inviabilizou a vacinação. Talvez o senso de sobrevivência tenha viabilizado a necessidade de urgência que a pandemia impôs, considerando o nível de beligerância daquela região. Entretanto, outras nações próximas avançam positivamente com suas vacinações, como o Líbano, devastado pela crise financeira e política, e os Emirados Árabes.


Também é revelador que Israel utiliza o imunizante da Pfizer, que em agosto ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil, que não fez a compra. Na prática, o governo menosprezou o senso de urgência - se o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não tivesse sido tão inoperante, a vacinação já estaria mais adiantada no País. Agora, pressionado pelo impacto das mortes em Manaus na opinião pública e o setor privado, que vê a contínua disseminação da covid-19 como entrave claro à retomada da economia, o governo unifica o discurso e tenta mostrar que resolveu agir contra a doença - sem muito convencer. Enquanto Pazuello foi despachado para Manaus, ausentando-se da cobertura massacrante da imprensa de Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que pode retomar o auxílio emergencial. O problema é que ele costuma repetir por dias o que vai fazer e a covid não admite postergação e inação.


O presidente, em meio a tantos reveses por sucessivos erros e raras realizações, aparentemente deve vencer a eleição para o comando da Câmara, um resultado excepcional para ele, pois já há mais de 60 pedidos de impeachment. Porém, a imagem do governo está muito arranhada e não se pode cantar vitória antecipadamente. Sinal disso foi a repercussão viral da notícia de que o Executivo federal gastou R$ 15 milhões com leite condensado, demonstrando uma disposição para confrontar o governo.


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