Um Nobel à informação

O Nobel da Paz é um sopro de esperança a todos os jornalistas que, por algum momento, podem ter esmorecido

Por: Redação  -  10/10/21  -  06:41
  Foto: Divulgação

O Prêmio Nobel da Paz deste ano foi concedido, na última sexta-feira (8), aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela “contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países”. A academia afirmou também que Ressa e Muratov receberam o Nobel da Paz “por sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia” e que a liberdade de expressão “é uma condição prévia para a democracia e para uma paz duradoura”.


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Maria Ressa, crítica do governo autoritário de Rodrigo Duterte, nas Filipinas, e Dmitri Muratov, uma das poucas vozes que questionam o regime autocrático de Vladimir Putin, foram reconhecidos por diversas instituições jornalísticas do mundo pelo esforço em defesa do jornalismo independente.


“É uma mensagem poderosa em um momento em que as democracias estão fragilizadas pela proliferação de informações falsas e discursos de ódio”, disse o secretário-geral de uma das mais importantes organizações jornalísticas do mundo, o Repórteres Sem Fronteiras, Christophe Deloire.


Emblemático escolher dois jornalistas combativos para receber o Nobel da Paz, uma forma significativa e relevante de associar a paz à informação verdadeira, matéria-prima para a construção de democracias e países livres. Não à toa, os dois premiados enfrentam, em seus países, perseguição, acusações de crimes e tentativas de cerceamento do trabalho de apuração e publicação de reportagens que estejam contra os governos.


Ao longo da história, não foram poucas as situações de perseguição e morte a jornalistas combativos, que hasteavam a bandeira da liberdade e do direito à informação correta e transparente, muitas vezes pagando os reveses com a própria vida. O Brasil também já viveu os seus momentos, notadamente nos anos de ditadura militar.


Diferente de outras épocas, porém, hoje há uma poderosa ferramenta que se alia aos governos extremistas e radicais: as fake news, que se proliferam sem limites e provocam um movimento rebote capaz de contaminar as populações de forma desastrosa. Essa tem sido a principal estratégia de países comandados por governos autoritários, que se utilizam de notícias plantadas para arregimentar seguidores e confundir a opinião pública. Pelos discursos feitos pelos dois premiados jornalistas e pelas entidades que se manifestaram tão logo os nomes foram divulgados, combater a disseminação de informações falsas será o principal desafio dos próximos anos.


Informação é poder desde sempre, desde muito antes do surgimento da internet ou das redes sociais. Porém, os obstáculos, hoje, são maiores. Além de evitar que notícias falsas tomem proporções fora do controle, o jornalismo sério e profissional precisa ampliar os canais de informação correta. O Nobel da Paz é um sopro de esperança a todos os jornalistas que, por algum momento, podem ter esmorecido ao abraçar essa causa.


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