Os cruzeiros marítimos tiveram enorme crescimento entre 2000 e 2010 no Brasil. O movimento foi de contínua expansão, chegando ao final da década com cerca de 800 mil passageiros registrados nos vários navios que realizaram cruzeiros ao longo da costa brasileira. Em 2010/2011 houve o pico no número de embarcações operando: foram 20 navios, quantidade que decresceu nos anos seguintes. Nas temporadas de 2016/2017 e 2017/2018, apenas sete navios realizaram os cruzeiros.
Ocorreu, portanto, nítida queda no fluxo de passageiros, e, consequentemente, menor oferta de leitos e roteiros por parte dos armadores. Pesaram vários fatores: de um lado, a falta de infraestrutura em vários portos brasileiros, impedindo a operação regular de embarque e desembarque de turistas, além de altos custos operacionais e a pesada carga tributária, fazendo com que muitas empresas passassem a priorizar outros continentes para suas operações; de outro, a crise econômica de 2015-2016 provocou a maior recessão da história brasileira, fato que levou a grande retração na demanda por cruzeiros marítimos.
Após tantas dificuldades, são alvissareiros os dados que a atual temporada de cruzeiros, que termina neste sábado com a saída no navio Sirena, da Oceania Cruises, teve aumento de 19% no número de passageiros em Santos quando comparado com o ano anterior. Entre novembro de 2018 e março de 2019 passaram pelo Terminal de Passageiros Giusfredo Santini 603 mil passageiros, correspondendo a embarques, desembarques e pessoas em trânsito. O fluxo da atual temporada superou as expectativas do Concais, administradora do terminal, que previa elevação de 12%.
Nota-se que a recuperação é efetiva, abrindo novas perspectivas para os próximos anos. Santos se torna, cada vez mais, o polo de cruzeiros do País, e deve aproveitar as oportunidades que se abrem. É fundamental, nesse sentido, a atração dos passageiros para que permaneçam na cidade (antes ou depois do embarque), e esse esforço de atração passa pela rede hoteleira, pelo comércio, e pela oferta consistente de atrações turísticas.
A possibilidade de operação comercial do Aeroporto Metropolitano, na Base Aérea de Santos, em Guarujá, é outro importante atrativo que deve ser aproveitado, uma vez que o acesso ao Porto de Santos será muito facilitado, principalmente se for concretizada a possibilidade de comunicação direta entre o aeroporto e o Terminal Giusfredo Santista, por via marítima.
O crescimento dos passageiros ocorreu nas três últimas temporadas de cruzeiro, indicando a superação da crise, enquanto, na atual temporada, os navios tiveram quase 100% de ocupação. O desafio agora é consolidar o movimento, e aproveitar ao máximo as vantagens econômicas que se abrem para a região com esse tipo de turismo.